O Estado de S. Paulo
A alta nos preços dos combustíveis perdeu fôlego na prévia da inflação de abril, mas o aumento na gasolina ainda foi responsável por metade do avanço de 0,60% registrado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) este mês, informou ontem o IBGE.
A taxa acumulada em 12 meses acelerou de 5,52% em março para 6,17% em abril, o resultado mais elevado desde dezembro de 2016. No entanto, o desempenho veio melhor que o esperado pela maioria dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast.
A desaceleração do IPCA -15 no mês de abril após a alta de 0,93% em março indica que “finalmente” a inflação está perdendo força, avaliou Gustavo Cruz, estrategista da gestora de recursos RB Investimentos.
“Esse deve ser o comportamento dos próximos meses. Inclusive, a projeção para o IPCA de abril, na Focus (boletim semanal com projeções de analistas compiladas pelo Banco Central), chegou a 0,45% e já caiu para 0,38%. Deve ficar em torno de 0,30% ou até menor do que isso nos próximos meses, só acelerando no fim do ano”, previu Cruz.
O estrategista da RB Investimentos acredita que o arrefecimento do IPCA-15 reforça a sinalização de que o Banco Central elevará em 0,75 ponto porcentual a taxa básica de juros, a Selic, para 3,50% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio
O estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, concorda que aumentaram as chances de um novo aumento de apenas 0,75 ponto porcentual na Selic, que já foi elevada na última reunião do Copom de 2,00% para 2,75% ao ano.
No IPCA-15 de abril, o preço da gasolina aumentou 5,49%. Houve altas ainda no óleo diesel (2,54%) e no etanol (1,46%). As passagens aéreas subiram 6,27%, após três quedas seguidas. O gás de botijão teve um aumento de 2,49%, acumulando um avanço de 20,22% nos últimos 12 meses. A energia elétrica ficou 0,47% mais cara em abril.
Os gastos das famílias com alimentação e bebidas subiram 0,36% na prévia de abri, sob pressão dos aumentos no pão francês (1,73%), leite longa vida (1,75%) e carnes (0,61%). (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim, Maria Regina Silva e Luciana Xavier)