Dissemina-se a desaceleração da indústria

O Estado de S. Paulo

 

A redução da atividade da indústria está se disseminando pelo País. Além de interromper uma sequência de nove altas mensais consecutivas, a queda da produção de 0,7% em fevereiro, na comparação com o mês anterior, afetou 10 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, oito regiões haviam registrado produção menor do que a do mês anterior.

 

Os dados estão na Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional) do IBGE. Em janeiro, esses dados já mostravam um “arrefecimento da indústria diante do cenário da pandemia em 2021”, observou o analista do IBGE Bernardo Almeida, responsável pela pesquisa. “Em fevereiro, há o enrijecimento das políticas sanitárias, que afetam diretamente a cadeia produtiva da indústria. E isso resultando no maior espalhamento de locais com queda na produção.”

 

As quedas mais acentuadas foram observadas no Ceará (-7,7%), Pará (-7,4%) e Bahia (-5,8%). O desempenho mais notável, porém, é o de São Paulo. Até agora, São Paulo – onde está instalado o maior parque industrial do País, responsável por 34% da produção nacional – vinha puxando a recuperação da indústria. Em fevereiro, a indústria paulista produziu 1,3% menos do que em janeiro.

 

Os Estados do Sul, que também vinham contribuindo para expandir a produção nacional, tiveram desempenho negativo em fevereiro. Perderam o que haviam ganhado em janeiro.

 

Na comparação com fevereiro de 2020 – quando a economia ainda não havia sido afetada pela crise sanitária –, a produção nacional teve pequena elevação, de 0,4%. Nessa comparação, foi notável a redução de 20,9% da produção industrial da Bahia, cuja economia foi duramente afetada pelo fechamento da fábrica da Ford em Camaçari.

 

A queda em fevereiro (na comparação com janeiro) no Estado de São Paulo, como em outras regiões, pode ser explicada pelo recrudescimento da pandemia, que exige medidas mais rigorosas de restrição à aglomeração de pessoas e afeta o comércio e a produção, e pela suspensão do pagamento do auxílio emergencial, que conteve o consumo.

 

O efeito da interrupção do auxílio emergencial foi mais sentido no Nordeste. A indústria da região não cresce desde dezembro e sua produção está 6,1% abaixo da registrada antes da pandemia. (O Estado de S. Paulo)