Diário do Grande ABC
Em março, o emplacamento de veículos cresceu 15,78% em comparação ao mesmo mês de 2020, totalizando 189.405 unidades vendidas contra 163.591 no período anterior. Em relação a fevereiro, quando 167.372 automóveis, caminhões e ônibus foram comercializados, o incremento foi de 13,16% (veja detalhes na arte abaixo). Os dados foram divulgados na última terça-feira (6) pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Apesar dos indicadores positivos, Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade, afirma que os números são referentes a veículos vendidos nos meses anteriores. “Os clientes estavam aguardando a entrega dos veículos, pelos fabricantes, o que ocorreu em março. Isso justifica o bom desempenho do mês, mesmo com o fechamento do comércio em estados importantes, como São Paulo”, aponta Alarico Assumpção Júnior, em referência às medidas restritivas da fase emergencial de combate ao novo coronavírus.
Um dos motivos para a postergação da entrega dos veículos é a falta de estoque. “Hoje, os estoques, praticamente, não existem, tanto nas concessionárias como nos pátios das montadoras. A falta generalizada, de peças e componentes, vem provocando a paralisação das linhas de montagem de várias montadoras, prejudicando a oferta de veículos”, indica o presidente da Fenabrave.
Vale lembrar que na região, a Volkswagen, a Toyota, a Scania e a Mercedes, todas em São Bernardo, anunciaram paralisação da produção no fim de março sob a justificativa de preservar a saúde dos colaboradores diante do avanço da pandemia e as dificuldades enfrentadas na cadeia de suprimentos. Conforme publicado pelo Diário, até 19% do quadro de funcionários das fabricantes já foi contaminado pelo coronavírus. Dos cerca 30,5 mil trabalhadores das cinco montadoras da região, 4.405 se afastaram desde o início da pandemia, há um ano. Desses, dez vieram a óbito.
Os caminhões foram os principais responsáveis pelo salto, já que os emplacamentos da categoria aumentaram 65,79%, contabilizando 10.796 unidades. Em março de 2020, foram apenas 6.512. Segundo Antônio Jorge Martins, coordenador de cursos de média e longa duração da área automotiva da FGV, a alta do dólar impulsionou a exportação em diversos setores do País, aumentando a demanda por caminhões para o transporte de produtos.
Martins adiciona que o avanço da pandemia e a dificuldade para acessar serviços do Detran, por exemplo, atrasou o emplacamento de veículos adquiridos em meses anteriores. Contudo, o pico da pandemia notado em março, somado às restrições, devem resultar em retração no mercado automotivo nos próximos meses. “Esta segunda onda da Covid está atacando muito forte. Existe incertezas que tendem a retrair a compra de forma exacerbada”, avalia.
De fato, comparando o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2020, há tendência de queda nos emplacamentos, que passaram de 558.009 para 527.913 (-5,39%). Além da redução nas vendas de automóveis (-11,11%), chama atenção a diminuição na comercialização de ônibus (-19,68%). “As restrições de circulação e cancelamento de viagens continuam afetando as empresas do setor (rodoviário)”, explica Assumpção Júnior.
A Fenabrave destaca que o setor de distribuição de veículos continua enfrentando desafios em razão da falta de produtos e aumento das restrições de funcionamento das lojas. “Apesar de as concessionárias não gerarem aglomeração e obedecerem, rigidamente, aos protocolos sanitários, preconizados pelo Ministério da Saúde, elas têm sofrido com o fechamento das áreas de vendas”, assinala Assumpção Júnior. Atualmente, apenas a oficina dos estabelecimentos pode funcionar, já que é considerada atividade essencial. (Diário do Grande ABC)