Correio do Povo
Montadoras instaladas em território gaúcho estão atrasando em até quatro meses as entregas de máquinas e equipamentos agrícolas porque não recebem componentes necessários à fabricação com fluxo regular. Ao reconhecer a situação, o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, destaca que tem havido um esforço permanente das empresas no sentido de explicar a situação atual aos clientes que aguardam a entrega de suas compras. “Além disso, a escassez (de peças) impactou nos custos das montadoras, sendo que apenas o aço acumulou um aumento de preço de 80% em 2020 e de 28% no primeiro trimestre de 2021”, complementa.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) admite que as fábricas de veículos de todo o país estão com problemas para regularizar as entregas. O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, ressalta que o setor está lidando com duas crises, a sanitária e a conjuntural, as quais vêm desorganizando a cadeia global de fornecimento. “Tudo isso gera um horizonte absolutamente nebuloso para o planejamento estratégico das empresas, e isso vale para todos os setores da economia”, adverte.
Assim como centenas de outras empresas, a Mahindra do Brasil, com fábrica em Dois Irmãos, também enfrenta o problema. A indústria está com sua linha de produção de tratores lotada até o próximo mês de junho. De acordo com Jak Torreta Júnior, diretor geral de operações da montadora, há uma fila de pelo menos 400 tratores com a entrega atrasada, em decorrência das dificuldades para comprar componentes, tanto no mercado nacional quanto por importação. Torreta explica que o abastecimento de componentes está complicado desde meados do ano passado e que se agravou quando a China saiu da pandemia e voltou a produzir. “É muito grande a demanda mundial por insumos como aço, plástico, eletrônicos e até papelão”, constata.
O diretor revela também que os fornecedores da Mahindra reclamam da dificuldade de conseguir aço para fabricação de peças. Segundo ele, as possibilidades de regularização da oferta apontam apenas para o mês de setembro. O volume de tratores em atraso indicado por Torreta corresponde a 40% do total de máquinas que a montadora pretende produzir até o fim de 2021.
Mesmo sem atestar dificuldades na obtenção de peças para a produção de suas linhas de máquinas e equipamentos, a John Deere explica em nota que está incentivando seus clientes a planejarem os investimentos “e iniciarem as negociações com maior antecedência”. (Correio do Povo/Nereida Vergara)