O Estado de S. Paulo
Na véspera do início do feriado prolongado decretado por várias cidades para tentar conter o avanço da pandemia, mais três montadoras – Renault, Toyota e Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) – anunciaram a suspensão das atividades. Com isso, sobe para oito o número de empresas que vão paralisar ou reduzir a produção de veículos de hoje até depois do feriado da Páscoa, número que pode aumentar.
Esse grupo de fabricantes emprega quase 50 mil funcionários, mas aqueles das áreas administrativas estão em trabalho remoto desde o início da pandemia, no ano passado. Os acertos para a dispensa do pessoal da produção foram feitos com sindicatos de trabalhadores e também seguem medidas das autoridades municipais e estaduais para contribuir com o isolamento social em um momento no qual o número de casos de contaminação cresce e os hospitais estão lotados.
A Toyota fechará suas quatro plantas industriais em São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Sorocaba e Porto Feliz, todas em São Paulo, por dez dias. O grupo emprega 5,6 mil trabalhadores. Em períodos similares também serão interrompidas as linhas de carros da Renault em São José dos Pinhais (PR) e as de caminhões e ônibus da VWCO em Resende (RJ).
Falta peças. Todas dizem que estavam seguindo protocolos rigorosos de segurança adotados desde o retorno às fábricas no ano passado, após permanecerem fechadas por dois meses.
A VWCO informa que, além da pandemia, enfrenta “situação crítica de desabastecimento de peças”. Esse foi o motivo que levou a General Motors a dar férias coletivas de 20 dias para os trabalhadores de Gravataí (RS) neste mês e, depois, mais dois meses de suspensão de contratos (lay-off).
A fábrica de São José dos Campos (SP) opera com metade de sua capacidade pelo mesmo motivo e 600 funcionários estão em lay-off. A de São Caetano, no ABC paulista, deve definir hoje se para ou não, mas nesse caso a pedido do sindicato local para ajudar no combate à covid-19.
A Mercedes-Benz suspende toda a produção em São Bernardo (SP) e em Juiz de Fora (MG) de hoje até dia 5, mas, no retorno, vai dar férias coletivas de 12 dias a grupos de 1,2 mil trabalhadores do ABC, em esquema de revezamento que poderá se estender até o fim de maio.
Já tinham anunciado paradas por períodos similares a Nissan, com fábrica em Resende, e a Scania, de São Bernardo. A Volvo informou que vai operar com apenas 30% de sua capacidade produtiva e colocar parte dos funcionários em férias coletivas.
A Volkswagen foi a primeira a anunciar, há uma semana, a paralisação de toda a produção em suas quatro fábricas em São Bernardo, São Carlos e Taubaté, em São Paulo, e de São José dos Pinhais, no Paraná. Os trabalhadores do grupo estão em casa desde a última quarta-feira.
Em 2020, em razão da pandemia, as vendas de veículos caíram 26% e a produção, 31,6%. A previsão para o ano era de recuperação de 15% nas vendas (para 2,4 milhões de unidades) e de 25% na produção (2,5 milhões). A nova onda da pandemia, mais forte que a anterior, e a falta de componentes, reflexo das paradas no ano passado, devem atrapalhar os planos. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)