AutoIndústria
As locadoras de veículos encerram 2020 com frota recorde de 1 milhão de veículos, mas continuam tendo problemas para receber produtos já encaminhados, situação que perdura desde o segundo semestre do ano passado. De acordo com o presidente da Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis, Paulo Miguel Junior, são 200 mil unidades pendentes e algumas montadoras bloquearam pedidos neste primeiro trimestre do ano.
“A Volkswagen não está aceitando encomenda, o que deve perdurar até abril. A Fiat e a General Motors suspenderam pedidos de alguns modelos, dentre os quais a picape Strada e o Cruze, respectivamente,” informou o executivo.
As montadoras já vinham com problemas para manter produção por causa da falta de componentes, principalmente semicondutores, e matérias-primas, situação agravada agora com paralisações decorrentes do agravamento da pandemia da Covid-19.
Apesar da frota ter batido recorde, o setor de locação encerrou o ano passado com queda de 19,5% no faturamento. A receita bruta ficou em R$ 15,3 bilhões, ante os US$ 19 bilhões de 2019. A líquida baixou de R$ 21,8 bilhões para R$ 17,6 bilhões.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 29, durante lançamento virtual do anuário 2020 da Abla. impacto da pandemia não foi capaz de barrar a expansão da frota do setor de locação de veículos. O setor viveu uma crise mais profunda no primeiro semestre, quando carros foram devolvidos e contratos suspensos. Mas depois a demanda retomou em função da própria pandemia, que gerou mais procura por terceirização e mesmo aluguel de longa duração por parte de quem não tinha carro e queria fugir do transporte coletivo.
As locadoras conseguiram comprar 360.567 carros zero quilômetro no ano passado, o equivalente a 20,6% de todos os automóveis e comerciais leves emplacados em 2020 no Brasil. Em 2019 as aquisições foram maiores, superando 540 mil veículos. A expectativa para este ano é a de o setor adquirir 450 mil veículos.
“O recorde da frota (1.007.221 unidades) foi atingido mesmo diante da dificuldade de comprar e receber carros novos, na medida em que as montadoras sofreram e ainda sofrem com a falta de insumos para retomar seu ritmo normal de produção”, comentou Miguel Junior. “A preocupação de que não haja carros suficientes para a renovação da frota persiste. 2021 será um ano desafiador”.
Um dado positivo é o aumento do número de empregos no setor, que subiu de 75.104 em 2019 para 77.214 em 2020. O número de empresas ativas no segmento também avançou, de 10.812 para 11.053. Em contrapartida, o número de diárias vendidas baixou de 49,6 milhões para 44,6 milhões no mesmo comparativo. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)