Estradão
A Mercedes-Benz lançou na manhã de ontem, um novo integrante para o segmento de ônibus urbanos. Trata-se de um modelo 4×2 que pode receber carrocerias de até 14 metros de comprimento. Ele tem capacidade para transportar até 100 pessoas. Logo, o mesmo número de passageiros dos modelos concorrentes 6×2 de 15 metros.
Nesse sentido, o ônibus, denominado O500 R Super Padron, se torna o primeiro do segmento com essa metragem na composição 4×2.
Alternativa à crise
Contudo, a decisão de a Mercedes-Benz lançar um ônibus urbano nesse momento delicado para o setor por causa da pandemia parece contraditório.
Mas o diretor de vendas de marketing de ônibus da marca, Walter Barbosa, explica que o veículo é uma alternativa intermediária aos modelos de ônibus maiores. Como os de 15 metros.
Com a queda na quantidade de passageiros por causa do distanciamento social, o setor de ônibus urbanos perdeu no ano passado 75% dos passageiros. E hoje, cerca de 40% desse montante voltou a usar o transporte coletivo. Por isso a Mercedes optou por lançar um produto adequado à atual realidade.
De acordo com o executivo, a Mercedes-Benz já vinha trabalhando no desenvolvimento de um chassi de ônibus urbano que se posicionasse entre o O 500 M 4×2 para carrocerias de até 13,2 metros e o articulado O 500 MA 6×2 de 18 metros.
Dessa forma, o O500 R 1830 se adequa às operações em horários de pico e entre picos. Tornando a operação mais produtiva.
“O novo Super Padron O 500 R 1830 4×2 pode atuar nos sistemas de transporte coletivo urbano que utilizam linhas segregadas, corredores e faixas exclusivas”, acrescenta Barbosa.
Ônibus MB se ajusta à operação
O O500 R 1830 é equipado com motor traseiro produzido pela Mercedes, o OM 926 LA. O mesmo utilizado na gama O500. Porém, com a vantagem de desenvolver 310 cv de potência e 122,4 mkgf de torque. Diferente dos demais da família que oferecem potência de 256 cv e torque de 92 mkgf.
Assim, a novidade se destaca pela boa relação peso/potência. E pelo seu peso bruto total (PBT) de 19.600 kg. O que o posiciona como o maior da categoria.
Lista de equipamentos
Vale ressaltar os componentes de inteligência embarcada que o O500 R 1830 agrega. Como a entrega de série da transmissão ZF Ecolife automática, de 6 velocidades. Ademais, essa caixa possui retarder integrado.
O chassi tem coluna de direção regulável, volante multifuncional e painel com sistema Eco Suporte integrado. Ele funciona como um indicador de performance. Assim, são monitorados pressão do turbo, velocidade, rotação, entre outros sistemas que se sinalizarem vermelho no painel, significa que o condutor está longe de fazer uma boa média. Logo, trata-se de um recurso que ajuda o condutor a dirigir melhor e a economizar combustível.
Para economizar combustível
O novo modelo de ônibus possui também o Engine Idle Shutdown (EIS), sistema de desligamento automático do motor. Se o ônibus está parado, porém com motor ligado, câmbio no ponto morto e freio de mão acionado, em uma situação que perdure por pelo menos 4 minutos, o sistema desliga o motor. No entanto, se nesse tempo o motorista acelerar o veículo ou acionar o freio de serviço, o sistema desabilita.
O ônibus ainda possui suspensão pneumática. Sendo quatro bolsões no eixo traseiro e dois no dianteiro.
Para promover mais acessibilidade no embarque e desembarque de passageiros, o Super Padron sai de fábrica com sistema de ajoelhamento da suspensão. Além disso, a posição do motor na traseira aumenta a área de balanço dianteiro do ônibus. Logo, emite menos ruído.
No quesito segurança, o Super Padron se destaca pelos freios a disco, EBS e o freio-motor auxiliar Top Brake da Mercedes-Benz.
Reduzir custos
Uma das vantagens do Super Padron está na sua configuração 4×2. Ou seja, os modelos da concorrência são 6×2 e levam o mesmo número de passageiros. Nesse sentido, o novo veículo faz a mesma tarefa com um eixo a menos. E isso se traduz em menor custo de manutenção e de reposição de peças. Além disso, por apresentar somente dois eixos, há um menor arraste dos pneus traseiros ou dianteiros.
O novo ônibus sai de fábrica com piso alto. E pode receber carrocerias de até 5 portas. Ou seja, três à direita com degraus para acesso pela calçada. E dois à esquerda para acesso pelos corredores de ônibus centrais. Com isso, atende à altura de plataformas de embarque de 920 mm.
Opções de layout
Os clientes podem escolher entre três versões de layout. A de maior comprimento da carroceria, com 14 metros, pode ser configurada para até 95 passageiros (64 em pé, 30 sentados e 1 cadeirante). Ou 90 passageiros (60 em pé, 29 sentados e 1 cadeirante), além do motorista. As duas opções são indicadas para linhas mais longas, em que as pessoas ficam mais tempo sentadas.
Nesse sentido, há uma outra versão de carroceria de 13,6 metros. Com capacidade para até 100 passageiros (76 em pé, 23 sentados e 1 cadeirante), além do motorista. Esta, indicada para linhas com maior frequência de embarque e desembarque. Mas as propostas de layout são flexíveis.
Novo cenário para o O 500
Em 2020, as vendas de ônibus caíram 33%. Ou seja, foram 13.830 unidades emplacadas no ano passado. Porém, 2016 foi ainda pior, com 10.384 ônibus vendidos. E isso ocorreu por causa da crise econômica que o País enfrentava naquele período.
No entanto, Walter Barbosa considera esse momento de pandemia pior. Porque ainda não se sabe até quando essa pandemia vai se estender. Ou seja, depende muito da política de vacinação.
Nos dois primeiros meses de 2021, a indústria emplacou 2.143 unidades. Uma queda de 22% se comparar com janeiro e fevereiro de 2020. Mesmo assim, a fabricante da estrela espera que no segundo semestre a indústria possa se recuperar.
“Acreditamos que até lá pelo menos 40% ou 50% da população esteja vacinada. Por isso, há uma possibilidade de fecharmos o ano com 15 a 16 mil unidades vendidas. Um crescimento de 13% em relação ao ano passado”, avalia Barbosa. (Estradão)