O Estado de S. Paulo
A indústria continuou a crescer em janeiro em boa parte dos 15 principais centros produtores do País, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas o ritmo já estava arrefecendo no primeiro mês do ano e pode ter arrefecido ainda mais desde então.
É o que sugere o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de março divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que teve recuo de 5,1 pontos em relação a fevereiro. É a terceira maior queda de um mês para o seguinte desde que esse indicador passou a ser calculado. Reduções maiores foram registradas em junho de 2018, quando a irresponsável greve dos caminhoneiros no mês anterior impediu a circulação de bens essenciais para a economia em pontos estratégicos da malha rodoviária nacional, e em abril do ano passado, quando as medidas de restrições necessárias para conter a propagação da covid-19 praticamente paralisaram muitas atividades econômicas e sociais.
Não há dados que confirmem a piora expressiva da atividade industrial. A despeito da redução em março, o Icei continua no campo positivo (acima de 50 pontos), o que indica confiança. Mas a combinação de alguns resultados, como os do IBGE e da CNI, parece recomendar algum cuidado na avaliação das tendências.
“A queda expressiva (do Icei) de fevereiro para março nos faz um alerta”, adverte o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo. “A confiança existe, mas já foi maior e está caindo rapidamente. Mostra que os empresários estão percebendo uma piora nas condições atuais dos seus negócios e nas perspectivas futuras da economia.”
No caso do Icei, de fato, a redução se deveu à piora da avaliação das condições atuais das empresas e da economia brasileira e à deterioração das expectativas, agora menos otimistas.
Quanto ao desempenho regional da indústria, entre dezembro e janeiro, 7 das 15 regiões avaliadas apresentaram crescimento, que na média nacional ficou em 0,4%. O resultado do País foi positivo porque os maiores polos industriais, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, cresceram. Na comparação entre os meses de janeiro de 2020 e de 2021, oito regiões apresentaram crescimento. Também no resultado acumulado de 12 meses houve crescimento em 8 das 15 regiões. (O Estado de S. Paulo)