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Desde dezembro, dezenas de montadoras mundo afora começaram a reduzir ou paralisar a produção, colocando um ponto de exclamação na escassez de semicondutores no mercado internacional.
Os semicondutores estão entrando cada vez mais nos automóveis. Em dez anos, a eletrônica embarcada, que tem como base os chips, representará metade do custo dos novos carros, segundo especialistas. Atualmente, a participação já está em 40%, praticamente o dobro do que era há duas décadas, de acordo com a consultoria Deloitte.
No Brasil, a primeira a parar por falta de circuitos eletrônicos foi a fábrica da Honda em Sumaré (SP), por uma semana em fevereiro e dez dias em março. A General Motors paralisou toda a produção do complexo de Gravataí (RS), onde é produzido o Onix, carro mais vendido do País. Todos os funcionários estão em férias coletivas até o próximo sábado (20).
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Pouco depois do retorno, parte deles ficará em lay-off por pelo menos dois meses, período em que a fábrica vai operar apenas com um turno de trabalho. Ao redor do mundo, algumas das maiores montadoras do planeta, como Ford, Volkswagen, Toyota e Stellantis (reúne Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), estão neste ritmo desde o fim do ano passado.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que a crise de abastecimento deve resultar em queda de 3% a 5% das vendas globais em 2021, estimadas entre 76 milhões e 78 milhões de veículos.
As companhias têm reclamado da falta de itens como pneus, fundidos, forjados, alumínio, ligas metálicas e resina plástica. A dependência dos semicondutores, por sua vez, vem do aumento de novas tecnologias embutidas nos veículos, entre elas freio ABS, airbags, sistema de injeção eletrônica, eletrificação e direção autônoma.
A procura por componentes eletrônicos, que não funcionam sem semicondutores, terá um crescimento acentuado nesta década em que mais carros vão rodar com energia elétrica e níveis de autonomia.
“Na virada dos anos 1990 para os 2000 a eletrônica era 15% a 20% do custo dos carros; hoje passa de 40% e provavelmente em 2030 vai chegar a 45% ou 50%”, afirma Flavio Sakai, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo Ricardo Helmlinger, diretor da Standard America, os reajustes de preços dos chips nos últimos meses ficaram entre 5% e 250%, dependendo do item.
Além disso, de acordo com o executivo, o prazo de entrega de componentes, antes de um a dois meses, passou para até seis meses. “Materiais que deveríamos ter recebido antes do Natal chegaram em fevereiro, isso porque antecipamos a compra, pois hoje os prazos estão ainda mais longos.”
Encomendas de peças feitas agora para a produção a partir do meio do ano estão previstas para serem entregues apenas em agosto ou setembro.
A maior demanda por semicondutores e, consequentemente, o aumento dos preços dos produtos, colaborou com as empresas ligadas ao setor. O maior ETF do setor é o SOXX, da iShares. Nos últimos 12 meses, o ativo se valorizou 115%. (Portal Suno/Jader Lazarini)