Com estoques no fim, revendas da Ford cobram R$ 200 milhões da marca

Jornal do Carro

 

Exatos dois meses depois de a Ford fechar suas fábricas e encerrar a produção de carros no Brasil, os concessionários da marca parecem rumar para um colapso. Com os estoques da linha Ka e do SUV EcoSport próximos de esgotar, e sem lançamentos (compatíveis em preço) para oferecer, as revendas cobram a liberação imediata de R$ 200 milhões.

 

O valor polpudo pertence ao programa de aquisição de veículos novos (FAV), um fundo administrado pela Ford que retém 1% do valor de cada carro da marca vendido no país. Este fundo dá subsídio aos concessionários na reposição dos estoques. Entretanto, um distribuidor relatou ao UOL Carros (sob anonimato) que o montante está retido pela montadora.

 

Segundo a fonte, “esses R$ 200 milhões são de propriedade dos concessionários” e “há colegas que têm mais de R$ 6 milhões a receber”. O revendedor alega que a Ford não consegue converter o fundo em mercadorias, porque ainda não têm novos produtos previstos para o Brasil. Assim, os lojistas aguardam o reembolso dos créditos.

 

Concessionários querem se desligar da Ford

 

Com o fim dos carros nacionais, a Ford se tornou uma importadora. A marca já anunciou que vai se concentrar em modelos mais caros, de maior conteúdo tecnológico e, portanto, com maiores margens de lucro. Tal como o SUV Territory. O problema é que a montadora não combinou isso com os revendedores, que alegam quebra das condições acordadas.

 

No momento, a marca informa que negocia individualmente com cada concessionário para dar sequência à reestruturação no país. O plano é reduzir de forma substancial a rede, chegando, assim, a um total de 120 lojas. Contudo, atualmente a Ford possui 283 revendas autorizadas no Brasil. Nos bastidores, o clima é de tensão nas negociações.

 

Sem Ka e EcoSport, que respondiam por 85% das vendas, os concessionários esperam uma queda indigesta de 90% no faturamento em 2021. E exigem o desligamento imediato da marca por quebra de contrato, com o pagamento de mais de R$ 1,5 bilhão em indenizações, bem como a posterior recontratação dos revendedores que seguirem com a representação. (Jornal do Carro)