Nissan usa avião e helicóptero para evitar paralisação das suas linhas

AutoIndústria

 

A indústria automotiva tem feito verdadeiro malabarismo para tentar driblar a falta de componentes eletrônicos, que atinge o setor mundicalmente e já provocou anúncios de paralisações em março por parte da Honda e General Motors, respectivamente em suas fábricas de Sumaré, SP, e Gravataí, RS.

 

A Nissan também vem sendo afetada pelo problema, mas tem feito de tudo para evitar paradas e garantir oferta adequada do novo Kicks, que foi apresentado à imprensa na noite da quinta-feira, 25, e chega ao mercado brasileiro no mês que vem com o propósito de garantir ganhos de participação para a marca.

 

“A falta de semicondutores é um problema de toda a indústria e também nos afeta, assim como a baixa disponibilidade de aço”, reconheceu Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, no lançamento do Kicks reestilizado e com novos itens de conforto e segurança. “Estamos trabalhando muito forte com toda a cadeia produtiva para manter o máximo de nossa capacidade em 1 turno na fábrica de Resende, RJ”.

 

O uso de frete aéreo tem sido uma constante, visto que o componente tem produção concentrada principalmente em fabricantes de países asiáticos, que abastecem as montadoras de todos os continentes. O diretor sênior de vendas e marketing da Nissan, Tiago Castro, comentou que participa diariamente de reuniões para acompanhar o abastecimento das peças:

 

“Quando vemos algum risco, optamos pelos embarques aéreos. E se um avião chega de madrugada no aeroporto trazendo os componentes eletrônicos, mandamos um helicóptero para pegar a carga e abastecer a fábrica. Estamos conseguindo atender a demanda graças a esse acompanhamento diário de estoques e produção”, explicou o executivo.

 

A Nissan está apostando forte no novo Kicks, programando a venda de 50 mil unidades no ano fiscal de abril de 2021 a março de 2022. É um volume expressivo considerando que no ano passado emplacou 36,4 mil unidades do modelo.

 

Sobre a decisão de não repassar o custo das novidades para o preço final do produto, Castro explicou ser “uma estratégia de lançamento”. Ou seja, após o início de suas vendas em meados de março será feito um acompanhamento do mercado para definir necessidade de reajustes ou não.

 

A fabricante do sul-fluminense acredita em um crescimento de 20% no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves, algo em torno de 2,4 milhões a 2,5 milhões este ano, ante total de 1,9 milhão em 2020. Sem revelar metas, Castro revelou que a marca pretende crescer em índice superior ao da média e ganhar participação:

 

“Fechamos 2020 com 2,9% de penetração e agora em janeiro chegamos a 3,4%. Nosso objetivo é ganhar pelo menos 0,5 ponto porcentual na média do próximo ano fiscal”, comentou Castro.

 

Durante a apresentação do Kicks 2022, Marco Silva deixou claro que a estimativa de um mercado total 20% maior vai depender de fatores já existentes, como a pandemia e o próprio abastecimento de matérias-primas e componentes, além do próprio comportamento do mercado.

 

A marca licenciou 61 mil veículos no ano passado, registrando queda de 36,5% em relação às 96 mil unidades emplacadas em 2019. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)