O Estado de S. Paulo
A Mercedes-Benz informou ontem, quarta-feira, 24, a contratação de 1 mil funcionários para a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A maior parte das novas vagas abertas no início do ano são de trabalhadores temporários (por seis meses a um ano, com possibilidade de renovação) e aprendizes que foram efetivados.
O presidente da empresa no Brasil e na América Latina, Karl Deppen, afirma que o grupo confia na melhora do mercado neste ano e está reforçando a produção de caminhões. A fábrica tem 8,5 mil funcionários atualmente. Como ainda há desafios a serem enfrentados para a economia voltar a crescer de forma sustentável – entre eles um plano de vacinação, reforma tributária e normalidade na cadeia de fornecedores -, a empresa decidiu pelas vagas temporárias.
Como outras montadoras no Brasil e em outros países, a Mercedes também enfrenta a falta de componentes, o que tem provocado atrasos na produção, mas informa que não precisou, até o momento, fazer paradas. Deppen afirma ainda que há problemas de logística como falta de contêineres, atrasos na chegada de navios e o frete aéreo – que era uma alternativa para receber peças mais rapidamente – ficou extremamente caro.
“Como o transporte de passageiros diminuiu, não existe porão disponível (em aeronaves)”, explica o executivo. Para ele, o problema ainda vai demorar para ser resolvido e se soma aos aumentos dos preços do aço, ferro, borracha e plástico, situação que afeta também toda a cadeia de fornecedores.
Apesar disso, lembra Deppen, a Mercedes-Benz está mantendo o investimento de R$ 2,4 bilhões no Brasil programado para o período de 2018 a 2022, sendo que R$ 800 milhões ainda estão em andamento para serem aplicados em produtos, serviços, conectividade e sustentabilidade.
A Mercedes estuda adotar no Brasil as novas tecnologias desenvolvidas pela matriz alemã de caminhões e ônibus elétricos ou movidos a célula de combustível “quando esse mercado virar realidade”. Segundo Deppen, o grande desafio para o País é a infraestrutura. “Temos a tecnologia, mas precisamos encontrar soluções certas para trajetos urbanos e de longa distância.”
A montadora foi líder nos segmentos de caminhões e ônibus em 2020, com respectivas participações de 31,6% e 46,7% no mercado total. Para este ano o grupo trabalha com as mesmas previsões da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de vendas totais de 101 mil caminhões e 16 mil chassis de ônibus – ambos com crescimento de 13% em relação ao ano passado. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)