O Estado de S. Paulo
Cerca de 500 funcionários da Ford em Camaçari (BA), de um total de 4 mil, vão retomar ao trabalho na segunda-feira para a produção de peças para o mercado de reposição. Mesma medida já havia sido anunciada na última quarta-feira, 17, pelos funcionários da unidade de motores em Taubaté (SP). Até o início desta noite a empresa não tinha ainda divulgado número oficial de pessoas que vão reassumir os postos e nem o prazo para esse trabalho temporário.
Algumas concessionárias já começavam a constatar falta de alguns componentes para manutenção de modelos da marca. A decisão do retorno na Bahia ocorreu após audiência de conciliação entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari e representantes da Ford no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) local.
Segundo Júlio Bonfim, presidente do sindicato, com o acordo todos os trabalhadores vão continuar recebendo salários e não haverá demissões ao longo do período das negociações, que foi estendido para 90 dias. Anteriormente, o prazo dado pela empresa para encerrar negociações era esta semana, informa ele.
Nesta sexta-feira, 19, Ford, sindicato e fabricantes de autopeças que operam dentro do complexo automotivo baiano também vão discutir a volta de parte dos seus funcionários.
Sindicato ainda tenta reverter fechamento
Em nota, a Ford confirma que, em negociações com os sindicatos dos metalúrgicos de Taubaté e de Camaçari foi firmado compromisso para retorno das atividades nas duas fábricas. Também faz parte dos acordos a continuidade das negociações diretamente com a Ford, com um cronograma de reuniões semanais.
“A partir de agora a Ford vai trabalhar junto às entidades sindicais de cada localidade para organizar o retorno dos empregados às atividades”, informa a empresa, que não divulgou números de funcionários que devem trabalhar a partir de segunda-feira.
No caso dos trabalhadores de Taubaté, ficou acertada também uma reunião entre o sindicato e dirigentes globais da Ford até o dia 25. Segundo Cláudio Batista, presidente do Sindmetau, é esse pessoal que tem poderes de decisão de reverter o encerramento das atividades da montadora no Brasil. “Caberá ao sindicato levar proposta concreta de alternativas”, afirma.
Troller mantém atividades até fim do ano
A Ford anunciou o encerramento da produção de veículos no País no dia 11 de janeiro, data em que as atividades das fábricas de Camaçari, onde eram feitos os modelos Ka e EcoSport, e de Taubaté, responsável por motores, foram paralisadas. Desde então a empresa tenta negociar o valor da indenização aos funcionários, mas não houve acordo com os sindicatos.
Outra fábrica do grupo em Horizonte (CE), que produz o jipe Troller T4, vai manter a produção até o fim do ano e depois também será fechada. Segundo o governo do Ceará, que tenta atrair interessados em manter a produção do veículo desenvolvido no Estado, três interessados já procuraram a Ford. A unidade emprega cerca de 500 pessoas.
A Ford também enfrenta dificuldades em negociar o fim do contrato de parte de suas 283 revendas no Brasil, que não aceitaram a primeira proposta de indenização feita pela empresa. A montadora reservou US$ 4,1 bilhões para indenizar trabalhadores, concessionários, fornecedores e para o encerramento de atividades produtivas. O grupo se manterá no mercado brasileiro como importador de automóveis premium da marca. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)