Funcionários da Ford Taubaté retomam produção parcial

O Estado de S. Paulo

 

Depois de mais de um mês fora da fábrica, após a empresa anunciar que deixará de produzir carros no Brasil, um grupo de funcionários da unidade de Taubaté (SP) vai retornar à linha de montagem na segunda-feira para produzir peças de motores para o mercado de reposição.

 

A decisão foi acertada após reunião de conciliação na tarde ontem entre representantes da montadora e do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da região.

 

O número de funcionários a ser convocado e o período de trabalho temporário será definido hoje, quando também ocorrerá assembleia com trabalhadores para explicar a decisão.

 

Na Bahia será avaliada hoje medida semelhante em reunião de dirigentes da Ford e do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari no Tribunal da Justiça do Trabalho, às 10h.

 

Ontem, cerca de 500 dos 830 funcionários de Taubaté entraram na fábrica às 13h e se colocaram à disposição da empresa, mas não houve produção.

 

A medida foi aprovada em assembleia ocorrida pela manhã, como resposta à convocação feita pela montadora na semana passada para cerca de 40 trabalhadores e também como forma de caracterizar que os funcionários não estão em greve.

 

Reunião global

 

No acordo fechado ontem, o presidente do sindicato, Claudio Batista, afirma que ficou acertada uma reunião online entre a entidade e dirigentes globais da montadora até o dia 25. “É um fator inédito pois nunca conseguimos negociar com executivos da Ford objetivando a reversão do fechamento das fábricas”, diz.

 

Segundo ele, também ficou acertado que a empresa vai manter os salários de todos os trabalhadores e não fará demissões durante o processo de negociação entre as duas partes.

 

Na Bahia a Ford também tentou convencer cerca de 400 operários – de um total de 4 mil – a retomarem a produção de peças para reposição, mas sem sucesso. As convocações foram feitas por telegramas ou telefonemas e ressaltavam que, se não ocorresse o retorno seriam “tomadas medidas”, atitude que o presidente do sindicato, Júlio Bonfim, caracteriza como “assédio moral”.

 

A Ford anunciou em 11 de janeiro o encerramento da produção de veículos no País e no mesmo dia as atividades das duas fábricas foram paralisadas. Na Bahia eram produzidos os modelos Ka e EcoSport e em Taubaté motores e transmissões. Desde então, a empresa tenta negociar, sem sucesso, a indenização aos funcionários.

 

Outra fábrica do grupo, em Horizonte (CE), onde é feito o jipe Troller, manterá produção até o fim do ano. Segundo o governo do Ceará, que tenta atrair interessados em manter a produção do veículo desenvolvido no Estado, há três interessados negociando com a Ford. A unidade tem cerca de 500 funcionários. A Ford não comenta o tema. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)