Governo do Estado e Febrac estudam formatos para Expointer 2021

Jornal do Comércio

 

As feiras agropecuárias enfrentaram percalços Brasil afora para suas realizações em 2020 e seguem buscando alternativas para que possam ocorrer em 2021. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o governo do Estado e parte dos pecuaristas gaúchos já pensam em formas de viabilizar a Expointer, no segundo semestre deste ano.

 

Maior feira agropecuária do Estado, a exposição de Esteio ocorreu de forma tímida e híbrida em 2020, com a presença no Parque de Exposições Assis Brasil de profissionais diretamente atuantes na lida com julgamentos de animais e campeonatos de raça. Em meio à pandemia, o público ficou de fora – e não deverá voltar plenamente em 2021 nem nas expectativas mais otimistas.

 

Procurada para falar sobre como governo do Estado estuda a feira de 2021 e quais as propostas analisadas até agora, a Secretaria de Agricultura confirma apenas que vem realizando reuniões sobre o tema com algumas entidades, sem detalhar quais e nem o atual estágio dos encontros e propostas.

 

Leonardo Lamachia, presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) foi um dos principais idealizadores e defensores da edição híbrida de 2020, e já pensa em formatos possíveis para este ano. Junto com a Secretaria da Agricultura, a Febrac começa a trabalhar com antecipação para colocar no horizonte as possibilidades que, no momento, se podem vislumbrar.

 

Neste início de trabalhado, diz Lamachia, há três cenários principais. O mais pessimista é repetir o modelo de 2020, com apenas alguns animais de raças no parque e entrada limitada aos trabalhadores e pecuaristas envolvidos em atividades. Uma segunda opção, caso avance os números de vacinados no Estado e se reduzam consideravelmente contaminações, mortes e ocupações nas UTIs. Neste caso, a avaliação é que se poderia ter um pouco mais de pessoas no parque, mas sem abertura de portões aos visitantes em geral.

 

A terceira opção, considerando um grande avanço no combate à doença, explica o presidente da Febrac, é com a presença de público, mas limitada. Lamachia diz que mesmo os avanços em países que já começaram mais cedo a vacinar não permitem imaginar uma feira com 500 mil visitantes em 10 dias, como chegou a receber a Expointer em alguns anos.

 

“Não imagino ter uma feira normal em 2021. Pelo que acompanhamos do processo de imunização do Brasil, entre agosto e setembro (data tradicional da feira) não haverá uma solução de normalidade plena tão cedo”, argumenta Lamachia.

 

A única certeza, acrescenta o representante dos criadores, é que a plataforma virtual permanecerá uma alternativa neste e nos próximos anos. O modelo híbrido está sendo estudado inclusive para a Expoleite/Fenasul, em maio, diz o presidente da Febrac. Lamachia acredita que dado o êxito na organização da Expointer de 2020, com grandes restrições, pode ser replicado na feira dedicada ao setor lácteo, normalmente o maior evento abrigado no Parque de Exposições Assis Brasil a cada primeiro semestre do ano.

 

“Já começamos com o know how da Expointer digital, uma plataforma pronta e um exemplo seguro e bem sucedido. Agora o que estamos fazendo é começar mais cedo a preparar a programação e buscar recursos, porque custear todo o processo de transmissões on line é caro”, acrescenta, explicando a antecedência com que os organizadores da Expointer estão começando a pensar a feira de 2021.

 

As feiras de animais, por sinal, vêm sendo realizadas neste mês de janeiro em diferentes cidades do Interior. A Feovelha, em Pinheiro Machado, por exemplo, ocorrerá neste final de semana, com abertura nesta quinta-feira. Já eventos como a Expodireto, focada em máquinas agrícolas, prevista para março e confirmada por duas vezes, acabou sendo cancelada.

 

“As feiras de animais funcionam bem com transmissões de provas, julgamentos e remates. Há interesse dos criadores por este formato, com atividades mais dinâmicas e atraentes. No caso da Expodireto e Expoagro/Afubra (também cancelada, em Rio Pardo), acho que esse formato não funciona muito bem. O agricultor dificilmente ficará duas horas vendo uma demonstração de máquinas”, avalia Lamachia.

 

Nacionalmente, também focado no setor de máquinas, a Show Rural Coopavel, prevista para março, em Cascavel (PR), estuda adotar a visitação agendada de produtores ao parque. Já a Agrishow, a maior do segmento na América Latina, em Ribeirão Preto (SP), segue com previsão para o final de junho deste ano, em formato que ainda sendo definido. (Jornal do Comércio/Thiago Copetti)