Jornal do Comércio
Confirmada pela Cotrijal para o início de março e já com protocolo de segurança sanitária aprovado pelo governo do Estado, a Expodireto será a primeira entre as grandes feiras do agronegócio a serem realizadas em 2021, ainda que sem algumas de suas principais estrelas, como John Deere, AGCO e CNH.
Por decisões globais, as três gigantes do setor de máquinas agrícolas não participarão de eventos presenciais ao menos no primeiro semestre do ano.
A John Deere anunciou que suas concessionárias tinham autonomia para ações individuais. A Verdes Vales, uma das representantes da John Deere no Estado, com 14 concessionárias no Rio Grande do Sul na linha agrícola e outras duas no segmento de construção, ainda não definiu se irá ao parque e estuda o assunto ao longo dos próximos dias.
Já a AGCO adotou uma postura mais crítica quanto ao tema e coloca, em nota, que “para promover a reflexão sobre a importância do distanciamento social nesse momento delicado, a companhia também optou por não apoiar concessionários que decidam estar presentes nesses de eventos”, ao longo de todo o ano de 2021.
Entre os fabricantes de máquinas há confirmações de montadoras como a sul-coreana LS Tractor. De acordo com o gerente de marketing e produto da companhia asiática no Brasil, Astor Kilpp, estar em contato direto com o produtor é um diferencial na hora de fechar negócios. A empresa acredita que como a safra está em alta, e os agricultores precisando de ferramentas de trabalho, a demanda justifica a presença.
“A decisão de compra de uma máquina agrícola passa muito pela conversa com o produtor, por mostrar a ele os recursos e agricultor tirando dúvidas na hora. E nos últimos meses aprendemos como fazer tudo com o cuidado necessário. O estande será mais aberto, com barreira acrílica nas mesas entre o vendedor e o cliente e outras medidas”, explica Kilpp.
O executivo coloca, ainda, que as vendas do setor surpreenderam em 2020 e que o produtor rural deverá ir ao parque em busca de soluções. E mesmo que a carência de insumos para a fabricação de máquinas não esteja normalizada até o momento, o cenário deve começar a voltar à normalidade a partir de abril, estima Kilpp.
Também procuradas pelo Jornal do Comércio para comentar se participariam do evento, a indiana Mahindra informou que neste ano não terá presença no parque. A Stara, de Não-Me-Toque, ainda avalia a participação. Por outro lado, Cotrijal e parte dos expositores se adaptam ao cenário de pandemia para manter o evento e os negócios no parque.
A organização da feira tem destacado que a Expodireto é realizada a céu aberto, em uma área de quase 100 hectares e focada diretamente em negócios e sem atrações de lazer, a feira de Não-Me-Toque não costuma registrar a mesma aglomeração de público como a Expointer, em Esteio, por exemplo. Com isso, avaliam organizadores, teria condições adequadas para fazer um evento com bom nível de segurança sanitária.
No segmento de produtos químicos para lavouras as confirmações parecem ser mais fortes do que no segmento de máquinas. A Basf, por exemplo, com adaptações, já confirmou a presença no evento realizado desde o ano 2000 no Norte do Rio Grande o Sul. A fabricante alemã, porém, destaca que não terá presença nos moldes tradicionais para garantir a segurança de colaboradores, clientes e parceiros.
A empresa explica que, como a doença não está controlada e um alto número de casos continua sendo registrado diariamente no Brasil, não terá equipe presencial, mas colocará no parque de exposições suas áreas demonstrativas de sementes e defensivos. Para evitar aglomerações, mas sem deixar de relacionar com os produtores e prestar informações, a Basf antecipa que terá um espaço diferenciado, onde o visitante encontrará material informativo e poderá entrar em contato com a equipe Basf e tirar dúvidas, de modo virtual e com o auxílio de ferramentas digitais.
No segmento de fertilizantes também optou por estar na feira a catarinense Sulgesso. Isabela Rousseau, acionista e gestora de marketing da empresa, com sede em Imbituba (SC), se diz otimista com a feira mesmo com público que deverá ser reduzido.
“A feira tem tradicionalmente um público bastante qualificado, que vai ao parque interessado em fazer negócios. E temos uma valorização grande de ações de valorização dos investimentos no solo, o agronegócio está aquecido por produtos como o nosso, que é o gesso agrícola in natura e fertilizantes especiais”, detalha Isabela.
A Corteva Agriscience igualmente estará no parque da Expodireto, de maneira híbrida. A companhia contará com estrutura presencial reduzida, quando comparada a anos anteriores, e um número mínimo de colaboradores da região. Em paralelo, haverá uma plataforma no site da empresa dedicada ao evento. (Jornal do Comércio/Thiago Copetti)