Cresce no Brasil infraestrutura para elétricos e híbridos

O Estado de S. Paulo – Mobilidade

 

Alguns dos questionamentos comuns de quem pretende comprar um veículo eletrificado (seja 100% elétrico, seja híbrido) dizem respeito à disponibilidade de pontos de recarga nas ruas e rodovias. Dá para viajar dentro do Brasil contando com eletropostos públicos? Existe o risco de ficar parado no meio do caminho? E, em um dia de trajetos longos dentro da cidade, é preciso retornar à casa para recarregar? Mesmo que algumas dessas dúvidas sejam motivadas pelo desconhecimento das pessoas sobre esses veículos, que possuem uma lógica diferente de uso, que, de maneira geral, já saem de casa “abastecidos”, é fato que a expansão da infraestrutura para estimular esse mercado precisa acontecer.

 

Mesmo ainda com pouca representatividade no total da frota brasileira, as vendas de veículos elétricos e híbridos têm crescido e batido recordes a cada ano. No fechamento de 2020, foram 19.745 unidades comercializadas, o que representou aumento de 66,5% nos emplacamentos em relação a 2019, quando foram 11.858 unidades vendidas. O segmento – que totaliza 42.269 unidades considerando elétricos e híbridos – acaba de alcançar a marca de 1% da nossa frota. “Mais uma vez, os eletrificados mostraram seu potencial, em nítido contraste com a evolução de todo o mercado”, diz Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

 

Ao contrário de outros países, que estão mais avançados em infraestrutura para atender ao aumento da participação desses veículos em suas frotas, no Brasil, esse mercado ainda está se organizando. E essa é uma preocupação global: estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA), que orienta políticas energéticas para seus 29 países-membros, projetam que, se os veículos elétricos atingirem uma fatia de 30% do mercado em 2030, serão necessários entre 14 milhões e 30 milhões de pontos de recarga no mundo para atender os consumidores. De acordo com a BNEF, considerada o braço de pesquisa em energia da Bloomberg, em 2018 o mundo contava com 600 mil pontos de recarga.

 

Atualmente, o Brasil possui em torno de 500 pontos para carregamento em rodovias e locais públicos, como shoppings e postos de combustível, segundo o aplicativo da Tupinambá Energia, startup focada em infraestrutura para eletrificados. Assim como esse app, outros, como o Plugshare, ajudam os condutores mostrando a localização dos eletropontos. De acordo com Eduardo José de Sousa, diretor de infraestrutura da ABVE e CEO da Electric Mobility Brasil, muitos dos equipamentos disponíveis atualmente nas cidades e rodovias contaram com investimentos de montadoras. “Elas tiveram e ainda têm papel fundamental no nascimento desse mercado, investindo em carregadores para que tivessem argumento de vendas para os interessados nos veículos”, diz Sousa.

 

Os últimos três anos foram importantes para a infraestrutura de mobilidade elétrica no Brasil, com o aumento no número de eletropostos públicos, instalados principalmente em rodovias. “A discussão que tínhamos até pouco tempo atrás era o que deveria vir primeiro: as vendas desses veículos ou a estrutura para recarga. Hoje, vemos que essas duas áreas terão que crescer em paralelo”, diz Eduardo José de Sousa, diretor de infraestrutura da ABVE e CEO da Electric Mobility Brasil.

 

Ao analisarmos sob a perspectiva de uma linha do tempo, os investimentos se intensificaram a partir de 2018, começando pela inauguração, no mês de julho, do chamado Corredor da Via Dutra, com estações de recarga entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Implementado pela EDP, empresa que atua em todos os segmentos do setor elétrico, em parceria com a BMW Group Brasil, o trecho interligando as duas principais capitais brasileiras conta com seis estações de recarga ao longo dos 430 quilômetros de rodovia.

 

O corredor recebeu investimentos de cerca de R$ 1 milhão para a instalação dos equipamentos de carregamento rápido, que estão localizados nos postos de combustível da Rede Ipiranga. Apenas como parâmetro, de acordo com a EDP, o tempo estimado para o abastecimento nos eletropostos de um veículo com bateria de 22 kwh é de 25 minutos para 80% da carga, podendo ser feito simultaneamente por dois carros. Logo depois, a empresa também lançou o projeto Plug&go, contemplando oito pontos de recarga no Estado de São Paulo, todos localizados nos postos da Rede Graal, e concluído em parceria com as fabricantes Audi, Porsche e Volkswagen.

 

Principais investimentos são provenientes do setor privado

 

Os últimos três anos foram importantes para a infraestrutura de mobilidade elétrica no Brasil, com o aumento no número de eletropostos públicos, instalados principalmente em rodovias. “A discussão que tínhamos até pouco tempo atrás era o que deveria vir primeiro: as vendas desses veículos ou a estrutura para recarga. Hoje, vemos que essas duas áreas terão que crescer em paralelo”, diz Eduardo José de Sousa, diretor de infraestrutura da ABVE e CEO da Electric Mobility Brasil.

 

Ao analisarmos sob a perspectiva de uma linha do tempo, os investimentos se intensificaram a partir de 2018, começando pela inauguração, no mês de julho, do chamado Corredor da Via Dutra, com estações de recarga entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Implementado pela EDP, empresa que atua em todos os segmentos do setor elétrico, em parceria com a BMW Group Brasil, o trecho interligando as duas principais capitais brasileiras conta com seis estações de recarga ao longo dos 430 quilômetros de rodovia.

 

O corredor recebeu investimentos de cerca de R$ 1 milhão para a instalação dos equipamentos de carregamento rápido, que estão localizados nos postos de combustível da Rede Ipiranga. Apenas como parâmetro, de acordo com a EDP, o tempo estimado para o abastecimento nos eletropostos de um veículo com bateria de 22 kwh é de 25 minutos para 80% da carga, podendo ser feito simultaneamente por dois carros. Logo depois, a empresa também lançou o projeto Plug&go, contemplando oito pontos de recarga no Estado de São Paulo, todos localizados nos postos da Rede Graal, e concluído em parceria com as fabricantes Audi, Porsche e Volkswagen.

 

Paraná e Espírito Santo

 

Outra iniciativa relevante aconteceu em dezembro de 2018, com a abertura, pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), da eletrovia no Estado que liga o Porto de Paranaguá até as Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, considerada a mais longa do País, com 730 quilômetros de extensão. A eletrovia conta com 11 eletropostos em toda a BR-277, localizados nas cidades de Paranaguá, Curitiba, Palmeira, Fernandes Pinheiro, Prudentópolis, Candói, Laranjeiras do Sul, Ibema, Cascavel, Matelândia e Foz do Iguaçu. Cada um dos equipamentos tem 50 KVA de potência, e três tipos de conector, próprios para atender aos modelos de carros elétricos ou híbridos disponíveis no País. As estações são todas de carga rápida e gratuita e o tempo estimado para carregamento de 80% da bateria varia entre 30 minutos e 1 hora, a depender do modelo do veículo.

 

Em dezembro de 2019, foi a vez do Estado do Espírito Santo receber investimentos em eletromobilidade, feitos pela EDP, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes). São sete pontos, localizados nas cidades de São Mateus, Nova Venécia, Guarapari, Vitória, Venda Nova do Imigrante e Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, e em Linhares, no Norte. A EDP afirma que o projeto recebeu investimentos de cerca de R$ 350 mil. Diferentemente dos pontos que interligam o Corredor da Via Dutra, que são de carregamento rápido, os do Espírito Santo operam no sistema de recarga semirrápida, o que, e de acordo com a empresa, leva 1h30 para carregar 100% da bateria.

 

Expansão nos próximos anos

 

A EDP possui, hoje, 50 pontos de carregamento ativos no País e trabalha com a meta de triplicar essa quantidade até 2022. Em 2019, a empresa apresentou, em Chamada Pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), projetos em mobilidade elétrica, que representam, no total, investimentos de cerca de R$ 50 milhões, via Fundo de Pesquisa e Desenvolvimento, da Aneel, recursos próprios e de parceiros. O mais ambicioso projeto da empresa prevê a instalação de 30 pontos de carregamento ultrarrápido, que irão cobrir todo o Estado de São Paulo e conectar, futuramente, os principais corredores elétricos do País, interligando a capital paulista às cidades do Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), formando um corredor com mais de 2.500 quilômetros de extensão.

 

As empresas ABB, Electric Mobility Brasil e Siemens são as fornecedoras das soluções de carregamento e, de acordo com a EDP, trata-se do maior projeto da América do Sul de instalação de carregadores ultrarrápidos (150 kw e 350 kw), contando com investimento de R$ 32,9 milhões. O primeiro ponto começou a funcionar em outubro do ano passado e fica na cidade de Caraguatatuba, Litoral Norte do Estado de São Paulo, e outros dez estão previstos. Como são carregadores ultrarrápidos, o tempo médio de recarga é de aproximadamente 15 minutos para 100 quilômetros de autonomia.

 

Regulação e cobrança

 

A Resolução 819/2018, da Aneel, que regulamenta a recarga de veículos elétricos por interessados na prestação (como distribuidoras, postos de combustíveis, shopping centers, empreendedores, entre outros), permite a cobrança desse serviço. Ela incentiva o desenvolvimento da infraestrutura à medida que reduz as incertezas para quem tem interesse em investir nesse setor. De acordo com a resolução, o valor cobrado pelas recargas deve ser definido pelas próprias empresas. “Essa questão demanda a criação de um modelo do ponto de vista fiscal e tributário. Por ora, o carregamento dos veículos em nossos eletropostos é totalmente gratuito. Queremos dar segurança para quem já possui um veículo elétrico, possibilitando uma rede cada vez mais ampla e confiável para recarga”, diz Nuno Pinto, head de mobilidade elétrica e negócios B2C da EDP no Brasil. (O Estado de S. Paulo – Mobilidade/Daniela Saragiotto)