Jornal do Carro
Em dezembro de 2020, a Audi encerrou a produção do A3 sedan na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Contudo, embora o fim do sedã de luxo estivesse programado desde 2019, a Audi agora precisa de uma definição do governo brasileiro para reativar a linha de produção paranaense.
É uma questão matemática. A Audi quer que o governo brasileiro devolva os créditos acumulados no Inovar Auto. Pelas regras do antigo programa de fomento à indústria, as montadoras que investiram em fábricas e centros de pesquisa teriam direito a receber de volta o Super IPI.
Dessa maneira, os carros importados pagavam 30% adicionais de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Assim, a Audi requisita o crédito acumulado de 2012 a 2017, quando o Inovar Auto terminou para dar lugar ao atual Rota 2030, em vigor desde 2018.
Calote de R$ 289 milhões
Em entrevista ao site Automotive Business em setembro de 2020, o diretor de relações institucionais e de sustentabilidade da Audi do Brasil, Antonio Calcagnotto, disse que o governo deve cerca de R$ 289 milhões em créditos às marcas alemãs (incluindo BMW e Mercedes-Benz).
Na mesma reportagem, o CEO da filial brasileira, Johannes Roscheck, confirma que este dinheiro será simbólico, mas importante para a definição dos próximos passos da empresa. Caso receba os créditos, a montadora pode fazer um novo investimento e voltar a produzir no Paraná.
Efeito Ford
O recente anúncio do fim da produção de carros no Brasil pela Ford, feito no início desta semana, é um novo elemento que pode ajudar a Audi nas tratativas com o governo. Com o fechamento de três fábricas no país, a montadora norte-americana vai demitir cerca de 5 mil empregados diretos.
Com a imparável onda de desemprego no país, a marca alemã tenta convencer o governo do presidente Jair Bolsonaro a fazer algum tipo de acordo. E assim evitar novos cortes e o fechamento em definitivo da fábrica de São José dos Pinhais.
A fábrica da Audi fica dentro do complexo do grupo Volkswagen, no Paraná. A unidade produz outros modelos como o SUV T-Cross. A unidade das argolas tem cerca de 40 funcionários, um número dezenas de vezes menor que o da Ford. Contudo, todos são altamente treinados.
Vale lembrar que, além da Ford, a Mercedes-Benz também fechou sua fábrica brasileira no fim de 2020. Com o agravamento da crise nas vendas de carros por causa da pandemia, a marca alemã, então, encerrou a produção na unidade de Iracemápolis, aberta em 2016.
Novo modelo nos planos
A Audi, portanto, pretende voltar a produzir carros no Brasil, o que pode voltar a acontecer em 2022. Contudo, a aprovação de novos investimentos pela matriz da montadora vai depender das negociações com o governo. A marca deve escolher entre nacionalizar o novo A3 Sedan ou o novo Q3. (Jornal do Carro)