O Estado de S. Paulo
A produção industrial avançou 1,2% em novembro passado, na comparação com outubro, superando em 2,6% o patamar que existia antes do início da pandemia da covid-19, em fevereiro de 2020. Foi o sétimo mês consecutivo de crescimento do setor, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Das 26 atividades pesquisadas, 17 já se recuperaram das perdas acumuladas ao longo de 2020, operando em nível igual ou superior ao do período pré-crise sanitária.
A retomada verificada até novembro foi impulsionada pelas medidas emergenciais adotadas pelo governo no enfrentamento da crise, avaliou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
“A gente tem uma melhora do comportamento da indústria ao longo de 2020, mas ainda tem um espaço importante a ser recuperado”, disse Macedo.
O setor industrial acumulou um crescimento de 40,7% em sete meses, resultado mais do que suficiente para recuperar a perda de 27,1% registrada em março e abril, na série com ajuste sazonal. No entanto, a indústria ainda opera 13,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
“Ela está recuperando as perdas que teve nesse período mais recente, alimentada muito pelas medidas emergenciais do governo no enfrentamento da pandemia: auxílio emergencial, liberação de fundo de garantia (FGTS), programa de manutenção de emprego”, enumerou.
Segundo o pesquisador do IBGE, a pandemia também fez as famílias deslocarem recursos que seriam destinados ao consumo de serviços para a compra de bens industriais, o que ajudou na retomada de alguns segmentos, como a fabricação de eletrodomésticos e de material de construção. Ele pondera que ainda não é possível mensurar o impacto do fim do pagamento do auxílio emergencial sobre a indústria e a economia como um todo em 2021, em meio a um mercado de trabalho “ainda longe de mostrar qualquer grau de melhora”.
Para o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini, o fim dos estímulos fiscais que ajudaram a sustentar a demanda em 2020 pode influenciar a produção industrial, mas ele acredita que o impacto será amenizado pelas perspectivas de melhora na atividade econômica como um todo. A Austin Rating projeta recuo de 4,2% do PIB de 2020, seguido de crescimento de 3,30% neste ano. Em 2022, a perspectiva é de avanço de 3%. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Gregory Prudenciano)