Estado de Minas
A recuperação nos últimos meses da demanda de alguns dos setores de grande participação na indústria de Minas Gerais, como o automotivo e o metalomecânico, manterá a produção funcionando neste fim de ano.
A Fiat Automóveis, que tradicionalmente paralisa a operação para as festas de Natal e ano-novo, informou que o polo industrial de Betim, na Grande Belo Horizonte, vai funcionar normalmente para suprir os clientes, com nível produtivo da fábrica próximo de 1.400 carros por dia. Significa o retorno aos níveis pré-pandemia.
As siderúrgicas Usiminas e Gerdau, de Ouro Branco, também devem continuar trabalhando sem interromper a produção nas festas de Natal e réveillon, buscando corresponder à recuperação dos pedidos, como apurou o Estado de Minas. Dados da indústria de produtos de metal, máquinas e equipamentos reforçam o movimento de retomada da cadeia metalomecânica no país.
A indústria automotiva brasileira vem observando uma expansão no volume de fabricação e de venda nos últimos meses de 2020, indicando reaquecimento do setor no país. Em novembro, o mercado registrou crescimento de 4,6% na comercialização de veículos em comparação com outubro, chegando a 225 mil novos licenciamentos.
Reflexo do aumento nas vendas, a produção de novembro fechou em 238,2 mil veículos, um acréscimo de 4,7% na comparação com novembro de 2019. A Fiat continua a ser a montadora que mais cresce no mercado em comparação com 2019, superando as 282 mil unidades no acumulado do ano.
No mês passado, a marca registrou o melhor mês de vendas desde março de 2015. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê uma produção ainda mais elevada de automóveis para dezembro.
O mercado brasileiro de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus entrou em trajetória de recuperação no terceiro trimestre, quando, segundo o IBGE, houve uma expansão de 47,7% em relação ao trimestre anterior.
Entretanto, no acumulado de janeiro a novembro, o setor registrou queda de 28,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. A Anfavea estima uma queda de 31% este ano na comparação com 2019, abaixo dos 40% de retração calculada pelas montadoras no início da pandemia.
A Usiminas, por exemplo, reportou um aumento de 54% no volume de vendas de aço e de 21% nas vendas de minério de ferro no terceiro trimestre deste ano, quando comparado ao trimestre anterior. Em razão da recuperação dos níveis de demanda, a companhia religou altos-fornos que foram desligados em abril e retomou a produção da aciaria de Ipatinga e as atividades de laminação na usina de Cubatão (SP).
Em novembro, a produção brasileira de aço bruto foi de 3 milhões de toneladas e a de laminados alcançou 1,9 milhão de toneladas, aumento de 11,2% e 9,6% frente ao apurado no mesmo mês de 2019, respectivamente. As vendas internas cresceram 12,9% e o consumo aparente de produtos siderúrgicos foi 16,1% superior ao verificado em novembro do ano passado.
Ainda que os resultados tenham sido positivos nos últimos meses do ano, os dados acumulados revelam o impacto da forte retração da atividade econômica no mercado brasileiro de automóveis e na indústria de metal.
A produção em ambos os segmentos ainda permanece afetada pelos protocolos sanitários nas fábricas e também pela falta de componentes e insumos.
Na indústria automotiva, o crescimento da produção em novembro foi de apenas 0,7% sobre outubro e, portanto, insuficiente para acompanhar a demanda em crescimento. No acumulado do ano, a atividade nas montadoras é 35% inferior à do ano passado.
Segundo informações do Instituto Aço Brasil, a produção brasileira de aço bruto foi de 28,1 milhões de toneladas de janeiro até novembro de 2020, o que representa uma queda de 6,7% frente ao mesmo período do ano anterior.
Também na comparação interanual, as vendas internas sofreram retração de 0,3% e as importações observaram queda de 18,4%. Em valor, as importações atingiram US$ 1,7 bilhão e recuaram 19,2% no mesmo período de comparação. As usinas exportaram 10 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2020, recuo de 15,4%. (Estado de Minas/Marco Faleiro, Estagiário sob supervisão do subeditor Marcílio de Moraes)