AutoIndústria
As associações que representam as concessionárias Peugeot e Citroën no País, respectivamente Abracop e Abracit, confirmaram nesta sexta-feira, 18, o envio de ofício ao Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, pleiteando a suspensão temporária da fusão entre os grupos PSA e FCA no Brasil, até que as redes sejam ouvidas no processo, “visto serem diretamente impactadas pela operação”.
O ofício foi encaminhado no último dia 10, com cópia à Presidência da República, Casa Civil e Ministério da Economia, dentre outros órgãos competentes. Em esclarecimento oficial, Abracop e Abracit resssaltam terem sido informadas pela mídia sobre tal fusão – que vai gerar a criação de um novo gigante automotivo, a Stellantis -, “o que evidencia a total falta de respeito para com as concessionárias Peugeot e Citroën”.
Argumentam, ainda, que as duas redes já vêm sofrendo inúmeros prejuízos, tanto em função da pandemia como, principalmente, pela condução comercial do Grupo PSA, com perdas substanciais de margens e rentabilidade dos concessionários, que são obrigados a fazer altos investimentos em suas estruturas sem o devido retorno.
Dentre os pontos de desacordo entre PSA e suas redes, as associações destacam que a montadora não vem divulgando adequadamente seus lançamentos, o que prejudica as redes de distribuição de seus produtos. Consultado sobre a demanda de suas redes, o Grupo PSA disse que não comentaria o assunto.
Também revelam que, antes mesmo da fusão ser efetivada, chegou ao conhecimento das duas entidades que os concessionários Fiat estavam sendo consultados pela PSA sobre um plano de expansão da marca, sem a contrapartida de as redes Peugeot e Citroën serem ouvidas. O plano, segundo as entidades, contempla a sobreposição de pontos de vendas em áreas em que já existem concessionárias Peugeot e Citroën, o que representará perdas ainda maiores para as marcas francesas.
“Reforçamos que tanto Abracop quanto Abracit não são contrárias à fusão entre PSA e FCA. Porém, ambas entidades são totalmente contrárias a que a mesma ocorra sem a nossa participação nesse processo, no Cade e, da mesma forma, sem que haja o devido diálogo dos grupos PSA e FCA, antecipadamente, com suas redes de concessionárias, para que todos os devidos ajustes sejam, previamente, acordados”, destaca a nota de esclarecimento.
Em função dessas razões expostas, as associações alegam que não tiveram outra saída a não ser encaminhar ofício ao Cade. “Nossa esperança é a de que o Conselho interrompa, temporariamente, o processo de fusão, para que sejamos ouvidos no processo, como parte afetada. A Abracop e Abracit aguardam tal retorno do Cade, que ainda não ocorreu, assim como esperam que uma agenda positiva de diálogo possa ser aberta junto aos grupos PSA e FCA”, conclui a nota divulgada nesta sexta-feira, 18, assinada por Eustache Jean Tsiflidis JR. e Roberto Fabergê, presidentes das respectivas associações. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)