Mercedes-Benz é a 2ª maior empregadora de Iracemápolis

O Estado de S. Paulo

 

O fechamento da fábrica da Mercedes-Benz do Brasil pegou de surpresa autoridades e moradores da pequena Iracemápolis, no interior de São Paulo. A indústria é a segunda maior empregadora da cidade de 24.235 habitantes, na região de Piracicaba.

 

O presidente da Câmara, William Ricardo Mantz (Podemos), disse que os vereadores vão discutir a saída da empresa. “Ninguém esperava isso, porque foi uma luta muito grande para a Mercedes vir para cá. Iracemápolis tomou a frente até do governo do Estado em algumas situações.”

 

Segundo ele, houve uma grande mobilização na cidade para conseguir a fábrica. Conforme o parlamentar, neste ano, apesar da pandemia, a contribuição da empresa para a arrecadação do município foi de mais de R$ 12 milhões. Em outros anos, chegou a R$ 19 milhões, em um orçamento que, no próximo ano, será de R$ 91 milhões.

 

A prefeitura informou, em nota, que o principal impacto para o exercício de 2021 será uma redução de 5% na arrecadação do Imposto Sobre Serviços. Em 2020, mesmo com a pandemia de covid-19, a arrecadação de ISS foi de R$ 6,2 milhões e a Mercedes respondeu por 8,4%. Já no repasse de ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, os efeitos serão sentidos a partir de 2022. Em 2019, a Mercedes representou 11% de toda a movimentação de ICMS do município.

 

De acordo com a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Iracemápolis (Aciai), a Mercedes só perde em número de funcionários para a Usina Iracema, do grupo São Martinho, que emprega cerca de 2 mil pessoas. “Entre empregos diretos e terceirizados, a Mercedes ocupava de 500 a 600 trabalhadores”, disse o gerente administrativo Luiz Marrafon.

 

Segundo ele, a montadora era também um foco de atração de negócios para a cidade. “Outras empresas de fora que tinham negócios com eles, e mesmo as pessoas que vinham apenas visitar a fábrica, acabavam fazendo alguma coisa na cidade, no mínimo movimentavam o setor hoteleiro e gastronômico. É claro que encerrar tudo isso impacta bastante.”

 

O setor comercial reagiu com desalento à notícia. “Deixou todo mundo em choque. Hoje mesmo os funcionários vieram almoçar aqui e não escondiam a tristeza. Muita gente vai ficar desempregada”, disse a operadora de caixa Talita Neves Lopes, do Secret Garden, principal bistrô da cidade. Ela conta que o bistrô se instalou logo após a chegada da Mercedes, em 2016.

 

O Sindicato dos Metalúrgicos da Região, com sede em Limeira, convocou uma reunião com os trabalhadores da Mercedes para a próxima terça-feira, dia 22. “Vamos pedir uma satisfação sobre a situação dos trabalhadores dispensados e sobre o que será feito para minimizar as perdas deles com essa decisão”, disse o diretor José Carlos Fagundes.

 

Ele também vai questionar a prefeitura sobre os benefícios dados à montadora. (O Estado de S. Paulo/José Maria Tomazela)