Mercedes-Benz deixa de fazer carros no Brasil

O Estado de S. Paulo

 

Durou menos de cinco anos a história da fábrica de automóveis da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo. A empresa anunciou ontem que a unidade, inaugurada em março de 2016, encerrará a produção. Segundo a Mercedes, ainda está sendo estudada a melhor solução para o destino da unidade e seus 370 funcionários, que não serão demitidos imediatamente. Uma das possibilidades é a abertura de um programa de demissões voluntárias. Segundo a Mercedes-Benz, a decisão de parar a produção em Iracemápolis veio de uma soma de fatores. Mas o principal deles, claro, foi o econômico. A crise pela qual o Brasil passou nos últimos anos se agravou com a pandemia. “Isso causou uma queda significativa nas vendas de automóveis premium”, disse, em comunicado, Jörg Burzer, membro do conselho de administração da Mercedes-Benz AG.

 

A fábrica, que recebeu mais de R$ 600 milhões em investimentos, era responsável por produzir o utilitário esportivo (SUV) compacto GLA – cuja fabricação já havia sido paralisada em setembro – e o sedã médio Classe C, que teve a produção encerrada na quarta-feira.

 

A meta inicial era fabricar até 20 mil carros por ano. Atualmente, porém, estava longe desse objetivo: de acordo com dados da Fenabrave, federação que reúne as concessionárias, entre janeiro e novembro foram emplacadas 1.206 unidades do GLA e 1.785 do Classe C no País.

 

Sinal amarelo

 

Essa não será a primeira experiência frustrada de uma fábrica da Mercedes no Brasil. No fim da década de 1990, foi inaugurada a unidade de Juiz de Fora (MG), voltada para a produção do compacto Classe A. Mas o carro nunca teve o desempenho de vendas no Brasil que dele se esperava – até porque a desvalorização cambial que o País atravessou naquele período acabou tornando o veículo caro demais para os padrões nacionais.

 

Com o fim da produção do Classe A, a unidade passou a fabricar o sedã médio Classe C, voltado para o mercado externo, que durou até 2010. Depois, com algumas adaptações, produziu caminhões até o ano passado. Atualmente, fabrica cabines para a linha de caminhões pesados de São Bernardo do Campo (SP). (O Estado de S. Paulo/Diogo de Oliveira, Emily Nery, José Antonio Leme e Tião Oliveira)