O Estado de S. Paulo
Nesta quinta-feira, a Mercedes-Benz anunciou o fechamento de sua fábrica em Iracemápolis, interior de São Paulo, inaugurada há apenas quatro anos. Razão principal: a empresa decidiu alterar sua estratégia de negócios e dedicar-se à produção de veículos movidos a motores elétricos.
Este é apenas um episódio que indica aceleração na mudança no paradigma energético do planeta.
Até há poucos anos, havia enorme resistência na adoção de novos padrões de energia no mundo em direção à produção e ao consumo de energia limpa e renovável. Os mais conservadores entendiam que se tratava de concorrência desleal destinada a alijar do mercado as indústrias que vinham operando de maneira convencional, o que também semeava desemprego nos principais centros produtivos. Esse foi o principal argumento pelo qual o Partido Republicano dos Estados Unidos trabalhou pela rejeição do Protocolo de Kyoto e foi, também, a razão pela qual o presidente Donald Trump abandonou o Acordo de Paris, que determina metas de redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa.
Paradoxalmente, este também foi o argumento pelo qual as esquerdas e, de uma maneira mais geral, os governos dos países em desenvolvimento combateram acordos que tinham os mesmos objetivos. Essas cláusulas – com certa razão – impunham aos países pobres aumentos de custos de produção que os países ricos não tiveram no passado quando desenvolveram a sua própria indústria.
Hoje, a questão ambiental ganhou regime de urgência. Há mais consciência sobre os estragos produzidos pelo aquecimento global e sobre a necessidade de medidas drásticas para evitá-los. O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, promete acatar os termos do Acordo de Paris e anunciar incentivos a investimentos destinados a substituir os combustíveis fósseis.
A seguir, algumas metas já decretadas ou em estudo em alguns países:
- China: a partir de 2035, metade dos veículos novos será movida a “energia nova”.
- Reino Unido: aumentam as pressões para que a proibição da venda de veículos movidos a combustíveis fósseis seja antecipada para 2030.
- Noruega: a meta é eliminar veículos novos a diesel e a gasolina até 2025. Em outubro deste ano, mais de 60% dos carros novos eram elétricos.
- União Europeia: Alemanha e França definiram 2040 como prazo final para venda de veículos novos a gasolina e diesel. Bélgica, Irlanda e Países Baixos fixaram como prazo 2030.
- Japão: estuda a proibição a partir de 2030. O primeiro-ministro Yoshihide Suga promete que até 2050 as emissões de CO2 serão reduzidas a zero.
- Califórnia: o governador Gavin Newsom anunciou em setembro que, até 2035, será proibida a venda de carros novos a combustíveis fósseis.
- C40: autoridades de 38 cidades que compõem o Grupo C40 se comprometeram a banir até 2025 as emissões de gás carbônico no setor de transportes urbanos (ônibus e vans).
Aviso para o Brasil: as coisas estão acontecendo. Omissões ou simplesmente deixar que o mundo gire e a Lusitana rode podem custar perdas irreversíveis de mercado e empregos. (O Estado de S. Paulo/Celso Ming)