Prévia do PIB do BC tem alta pelo 6º mês seguido

O Estado de S. Paulo

 

Após a forte retração nos meses de março e abril, em meio à pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica brasileira apresentou em outubro o sexto mês consecutivo de alta. O Banco Central informou ontem que seu Índice de Atividade (IBC-BR, considerado uma espécie de prévia do PIB) subiu 0,86% em outubro na comparação com setembro, na série já livre de influências sazonais (uma espécie de compensação para comparar períodos diferentes).

 

A alta do IBC-BR ficou abaixo da estimativa do mercado, calculada em 1,10%. Em setembro, o avanço havia sido de 1,68% (dado revisado). No acumulado do ano até outubro, o indicador registra uma queda de 4,92%. Em 12 meses, a queda é de 3,93%.

 

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, apesar de percebidos em fevereiro, se intensificaram em todo o mundo a partir de março. Para conter o número de mortos, o Brasil adotou o isolamento social em boa parte do território, o que impactou a atividade econômica. Os efeitos negativos foram percebidos principalmente em março e abril. Nos últimos meses, porém, o IBC-BR demonstrou reação.

 

De setembro para outubro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 135,59 pontos para 136,75 pontos na série dessazonalizada. O patamar ainda é inferior, porém, a fevereiro deste ano (140,07 pontos), antes da pandemia. Na comparação entre os meses de outubro de 2020 e outubro de 2019, houve baixa de 2,61% na série sem ajustes sazonais. Esta série encerrou com o IBC-BR em 139,37 pontos em outubro. Neste caso, a queda foi maior que a mediana das estimativas (-2,00%) e ficou dentro do intervalo das previsões (-3,70% a 0,30%).

 

Desaceleração. A mensagem mais importante do indicador foi a confirmação da esperada desaceleração da retomada da atividade no quarto trimestre, aponta a economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, Tatiana Pinheiro. Ela destaca que, após as revisões feitas na série, o IBC-BR desacelerou de 8,43% no trimestre encerrado em setembro para 6,5% no período terminado em outubro.

 

“O dado indica que o País deve continuar a crescer no quarto trimestre, mas em ritmo menor, de 1% a 2% na margem, com ajuste sazonal. Os números mostram desaceleração do ritmo, seja porque a comparação é com um período em que a economia já fora religada, já estava aberta, seja pela redução no auxílio emergencial”, disse a economista.

 

Para a XP Investimentos, o IBC-BR de outubro sinaliza que o ritmo da recuperação vai continuar gradual por algum tempo.

 

Ritmo mais lento

 

“O dado indica que o País deve continuar a crescer no quarto trimestre, mas em ritmo menor, de 1% a 2% na margem, com ajuste sazonal. Os números mostram desaceleração do ritmo”; Tatiana Pinheiro, econimista-chefe do BNP Paribas. (O Estado de S. Paulo/Fabrício de Castro e Thaís Barcellos)