Trabalhadores da GM ficam insatisfeitos com valores do PDV

Diário do Grande ABC

 

Trabalhadores com capacidade laboral reduzida da fábrica da GM (General Motors), de São Caetano, demonstraram insatisfação com o PDV (Programa de Demissão Voluntária). Além das condições apresentadas, abaixo da proposta feita anteriormente aos demais funcionários, os colaboradores também reclamaram do processo de votação feito pelo sindicato. A empresa visa reduzir o efetivo da unidade, em pelo menos 500 postos de trabalho, em meio à crise econômica causada pela pandemia.

 

A proposta – que foi a segunda em intervalo de três meses – contempla com até 36 salários adicionais e o custeio do plano médico, de acordo com a idade do funcionário, podendo chegar ao máximo de dois anos, além das verbas rescisórias legais. O pacote anterior destinado aos trabalhadores do chão de fábrica, que registrou 339 adesões, oferecia de 3,5 a sete salários adicionais, a partir de quatro anos de casa, e de um a dois anos de plano de saúde, além de um bônus, para quem possuía mais de 11 anos de firma, um Onix Joy Black, que custa R$ 55.990.

 

No ano passado, a empresa também realizou PDV destinado a sequelados, mas que era mais vantajoso. A quantidade de salários adicionais ia de 2,5 (para os funcionários com 55 anos de idade) a 40 (aos que têm até 40 anos). Todos ganhavam dois automóveis modelo Cruze, que na época custava a partir de R$ 99.390 cada, e cinco anos de extensão de convênio médico.

 

Diversos trabalhadores conversaram com a equipe do Diário ontem. Eles, que adquiriram problema de saúde na empresa, afirmaram que ninguém tem pretensão de assinar o acordo. Cerca de 250 – na GM são estimados 700 trabalhadores com capacidade laboral – se reuniram em um grupo de WhatsApp.

 

A proposta foi aprovada em assembleia on-line, que registrou mais de 1.700 votos. “A votação deveria ser feita com as pessoas que possuem incapacidade laboral, mas ela foi aberta para a fábrica, que acabou decidindo o nosso futuro”, disse um deles, que optou por não se identificar. Lembrando que estes trabalhadores possuem mais dificuldades de se recolocarem no mercado.

 

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, afirmou que a opção de abrir a votação foi porque o sindicato não queria fazer discriminação. “Pode ser que existam pessoas com o processo em andamento no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Temos 700 oficialmente, mas alguns casos demoram de quatro a cinco meses para comunicar a empresa”, disse.

 

GM confirmou que “recentemente, os empregados das fábricas de São Caetano e São José dos Campos, ambas em São Paulo, aprovaram em assembleia conduzida pelo respectivo sindicato PDV exclusivo para empregados com limitação laboral”. (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)