GM abre mais um PDV para tentar reduzir excedente de 500 funcionários

Diário do Grande ABC

 

Em mais uma tentativa de reduzir o efetivo da fábrica de São Caetano, em meio à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, a GM (General Motors) decidiu abrir mais um PDV (Programa de Demissão Voluntária). Trata-se do segundo em intervalo de três meses. Embora a empresa tenha avisado que não mais lançaria mão da ferramenta neste ano, mas que precisaria enxugar excedente de 500 trabalhadores, senão iria demitir, a baixa adesão e a persistente queda na demanda fizeram com que os planos fossem revistos. Desta vez, o pacote, que será aberto nos próximos dias, é destinado aos trabalhadores com capacidade laboral reduzida – cerca de 700 pessoas.

 

“O PDV foi desenhado para conseguir com que a maior quantidade de empregados possível resolva aderir aos benefícios oferecidos. Neste sentido, encerrada a etapa voluntária, e caso quantidade relevante de adesões não seja atendida, serão avaliadas outras medidas”, afirma comunicado destinado aos trabalhadores, ao qual o Diário teve acesso.

 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, o PDV foi aprovado pelos trabalhadores, em assembleia, mas ainda não foi aberto pela empresa, “o que deve ocorrer nos próximos dias.” Segundo ele, atualmente há cerca de 700 operários com capacidade laboral reduzida na unidade, mas o volume de profissionais ociosos chega a 500, equivalente a 6,25% do total de 8.000 empregados na planta do Grande ABC.

 

Na tentativa de equacionar volume excedente, a GM abriu PDV em agosto, mas, diante da adesão de 293 trabalhadores, reabriu o programa em outubro. No entanto, volume ainda menor, de 46 empregados, aceitou, totalizando 339 pessoas. Isso, mesmo com a montadora tendo avisado que, se número suficiente não se voluntariasse, ela demitiria a fim de viabilizar sua operação.

 

Cidão afirmou que, na atual situação, “é difícil fazer qualquer previsão”, mas não descarta “que a empresa anuncie demissões”, já que os PDVs não estão conseguindo o resultado esperado. “Só que o sindicato vai tentar agir para evitar qualquer tipo de demissão que não seja por meio de um PDV”, garantiu.

 

Proposta

 

Esta não é a primeira vez que a GM oferece pacote de incentivos especiais para sequelados. Agora, pacote contempla até 36 salários adicionais e o custeio do plano médico, de acordo com a idade do funcionário – além das verbas rescisórias legais. A adesão ao PDV não está condicionada à quitação de processos trabalhistas em andamento.

 

Para os que possuem até 36 anos de idade, a empresa propôs o pagamento de 36 remunerações mensais, já quem está na faixa etária entre 36 e 40 anos receberá 34 salários, número que é reduzido para 32 se o trabalhador tiver entre 41 e 45 anos. São oferecidos 30 salários adicionais para quem tem entre 46 e 50 anos e, 28, àqueles com 51 a 54 anos. Todos esses são contemplados com três anos de plano de saúde. Já para quem possui mais de 55 anos haverá apenas o convênio por mais dois anos e, aos maiores de 60 anos, por um ano. Nestas duas situações não haverá pagamento de salários adicionais, apenas das verbas rescisórias devidas.

 

O pacote anterior oferecia de 3,5 a sete salários adicionais, a partir de quatro anos de casa, e de um a dois anos de plano de saúde. Como bônus, para quem possuía mais de 11 anos de firma, foi disponibilizado um Onix Joy Black, que custa R$ 55.990.

 

No início do mês, a montadora norte-americana anunciou que prorrogaria o lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) de 500 trabalhadores por mais cinco meses. No comunicado do PDV, a empresa informou que o lay-off é medida temporária e que a abertura de PDV é necessária para adequação das estruturas da empresa ao novo momento do mercado, na marcha lenta devido à Covid-19.

 

Questionada sobre o assunto pelo Diário, a GM não se posicionou até o fechamento desta edição. (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)