O Estado de S. Paulo
Atentas às mudanças no modo como os consumidores deverão usar os automóveis no futuro, e principalmente buscando alternativas para ganhar rentabilidade, cada vez mais montadoras do Brasil se voltam a serviços de compartilhamento, assinatura e locação dos veículos. Ontem, ao anunciar a entrada da marca no serviço de gestão de frotas, Masahiro Inoue, presidente da Toyota para a América Latina, disse que o grupo quer se transformar em uma empresa global de mobilidade.
“A Toyota, que no ano passado vendeu 10 milhões de veículos no mundo sempre baseada em posse por pessoas físicas e jurídicas, sabe que a motorização vai acabar e a que as novas gerações vão querer usar o carro e não possuí-lo”, disse o executivo, repetindo um mantra seguido por toda a indústria automobilística nos últimos anos.
O serviço que a Toyota vai oferecer por meio de sua filial de soluções de mobilidade Kinto receberá investimento de R$ 1,1 bilhão ao longo de cinco anos para colocar à disposição de empresas uma frota de 12,3 mil veículos, incluindo modelos híbridos e de sua marca de luxo Lexus.
Por uma mensalidade, o cliente terá acesso aos carros que escolher, documentação, seguro, gestão de multa, manutenção preventiva e corretiva, logística, troca de pneus, assistência 24 horas e serviço de telemetria (controle da frota a distância).
Segundo estudos da montadora, a empresa que utilizar o serviço chamado de Kinto One terá ganhos em eficiência operacional de até 30% e redução de custos com manutenção.
O serviço começa com frota de 330 automóveis que será ampliada gradualmente até atingir 12,3 mil unidades em 2025. Roger Armellini, diretor de Mobilidade da Toyota, informou que o grupo já tem 34 clientes, entre os quais Mangels e até o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A montadora já tinha lançado, há um ano, o Kinto Share, serviço de locação para pessoas físicas feito por meio das concessionárias. Hoje há 20 mil inscritos no aplicativo que contabiliza mais de 7,5 mil diárias de locação. A empresa pretende ter 3 mil carros voltados a esse serviço nos próximos anos.
“Temos em outros países diversos serviços como car sharing (compartilhamento) e car pulling (serviço de carona) e estamos sempre avaliando a possibilidade de trazê-los para o Brasil”, disse Armellini.
Assinatura
Na semana passada a Volkswagen lançou seu serviço de assinatura de veículos. Chamado de Sign&Drive, inicialmente é para o Estado de São Paulo e com dois modelos, os utilitários-esportivos T-Cross e Tiguan. Para o T-Cross, a assinatura pode ter validade de até um ano com mensalidades de R$ 1,9 mil. O Tiguan pode ser alugado por até dois anos a R$ 3,6 mil ao mês. Todo o processo pode ser feito on-line.
“O Sign&Drive é mais uma opção de mobilidade que trazemos para os clientes desfrutarem dos nossos modelos”, disse Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América Latina.
Em setembro a Audi também lançou um programa piloto de assinatura dos modelos premium A6, A7 Sportback, Q8 e Audi e-tron, primeiro carro 100% elétrico da marca. O Audi Luxury Signature permite que o cliente faça assinatura de um serviço pelo qual terá direito a rodar até 2 mil km por mês, com vários serviços incluídos. A mensalidade varia de R$ 9,6 mil a R$ 13,3 mil, dependendo do modelo.
Nenhuma fabricante admite que seus serviços vão competir diretamente com as locadoras que atuam no mercado e que são suas principais clientes, para quem vendem carros com elevados descontos. “A tendência é desse tipo de serviço acelerar no Brasil e o consumidor poderá escolher”, afirmou Di Si. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)