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Se, por um lado, o balanço da Marcopolo para o terceiro trimestre mostra recuperação da produção em comparação aos piores meses de pandemia, por outro, é o primeiro resultado do ano em que a companhia apresentou prejuízo. A produção total da fabricante de ônibus atingiu 3.422 unidades, 12,8% inferior ao mesmo período do ano passado, mas 46% maior que o trimestre anterior. A receita líquida somou R$ 836,5 milhões, redução de 22,6% na comparação anual. O prejuízo líquido do período foi de R$ 57,4 milhões, com margem de -6,9%.
Os custos com rescisões e as operações da NFI Group Inc. foram apontados como os principais fatores que afetaram os resultados. No trimestre, a operação da subsidiária canadense trouxe equivalência patrimonial negativa de R$ 43,8 milhões, com os resultados da empresa sendo afetados pelos desdobramentos da pandemia na América do Norte.
O programa Caminho da Escola do governo federal é o que tem auxiliado a Marcopolo a minimizar os impactos da redução de demanda do transporte coletivo. Foram 2.534 veículos produzidos para o programa nos primeiros nove meses deste ano.
“O ritmo destas entregas deve permanecer forte até dezembro e as adesões dos municípios se encontram próximas ao limite das nossas 4.800 unidades no Caminho da Escola”, afirma José Antonio Valiati, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Marcopolo.
A demanda por ônibus rodoviários, que é a principal fabricação da planta de Caxias, é a que segue mais impactada, porque é movimentada pelo turismo, mas a direção diz que o setor ensaia pequenos movimentos de recuperação, indicando que o pior já passou. Por outro lado, as atividades de fretamento vêm surpreendendo positivamente, com incremento de vendas frente a 2019, em função das exigências de maior distanciamento no transporte de funcionários.
“Isso abriu oportunidade para o aumento das nossas vendas de Volare, que também se destacou no último trimestre por conta de exportação para o Chile”, acrescenta Valiati.
Outro destaque apresentado no balanço é de que as inovações da plataforma Marcopolo Biosafe estiveram presentes em cerca de 85% das carrocerias produzidas pela companhia no último trimestre.
Mercado externo
As exportações da Marcopolo seguem apresentando melhor desempenho na comparação com o mercado interno, em função da desvalorização cambial. A redução do volume de exportações, como reflexo da pandemia, é compensada pela maior receita e rentabilidade das operações, devido ao atual patamar do câmbio.
“Gradativamente, as operações de transporte coletivo na América do Sul voltam a circular, com reflexos positivos nas vendas ao Chile, Argentina e Peru. As entregas ao mercado africano permanecem sendo importantes”, observa o diretor da companhia.
Por sua vez, os resultados da Marcopolo Austrália foram afetados negativamente pela segunda onda da pandemia ao país, o que gerou postergação de entregas para o último trimestre. Marcopolo México, Marcopolo China e Marcopolo África do Sul sofreram com uma menor demanda em seus respectivos mercados, com perspectivas de recuperação a partir de 2021. (Pioneiro/Babiana Mugnol)