AutoIndústria
As montadoras, tanto de caminhões como de automóveis, não estão dando conta de atender a demanda crescente no mercado de veículos. Há dificuldades para aumentar a produção por causa da falta de aço, alguns insumos e também componentes.
Por conta disso, há escassez de alguns produtos no varejo, principalmente de carros premium. Mas também em outros segmentos, inclusive o de entrada, nem todos os modelos ou versões têm disponibilidade de pronta entrega.
“O crescimento das vendas em outubro sobre setembro, que foi de 3,25% no segmento de automóveis e comerciais leves, poderia ser maior se não faltassem produtos”, comenta o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior. “Carros premium, acima de R$ 130 mil, têm prazo e entrega de 90 dias, ou seja, só mesmo no começo do ano que vem”.
O estoque nos pátios das montadoras e das redes de concessionários está na faixa de 130 mil a 140 mil unidades, em torno de 17 a 18 dias. O reflexo desse estoque baixo – normalmente ele é de 30 a 35 dias – é a falta de alguns modelos e versões no mercado.
“Para os concessionários isso não é bom. Há sempre o risco de perder venda quando não há produto para pronta entrega. O ideal seria um equilíbrio entre oferta e demanda”, comenta Assumpção Jr.
Ele reconhece que o problema decorre da falta de matérias-primas e componentes e admite que o mercado brasileiro teve reação acima do que se esperava no auge da pandemia. Na sua avaliação, os juros mais baixos e a maior oferta de crédito estão favorecendo a decisão de compra no mercado automotivo.
“Outubro foi o melhor mês do ano, o varejo está muito bom. E é importante destacar que apesar do aumento das vendas online, o olho no olho continua sendo muito importante. O movimento nas concessionárias aumentou, o consumidor gosta de ver o carro e fazer test-drive”.
No caso do segmento premium, o presidente da Fenabrave diz que os produtos nacionais estão sofrendo com falta de peças. “E os importados estão vindo em menor volume porque o houve aquecimento desse segmento nos Estados Unidos e Europa”.
Segundo balanço divulgado nesta quarta-feira, 4, pela Fenabrave, foram comercializados em outubro 205.244 automóveis e comerciais leves, contra os 198.781 emplacados em setembro – o número de dias úteis nos dois meses foi idêntico. Sobre o mesmo mês de 2019, a queda foi de 14,9% (241.142 unidades).
No acumulado de janeiro a outubro, o resultado aponta retração de 30,89%, totalizando 1.503.845 unidades, contra os 2.176.032 emplacamentos do mesmo período de 2019. A previsão da Fenabrave para o acumulado do ano no segmento de veículos leves é de 29%.
O presidente da entidade já avalia que esse índice pode ser menor, mas diz que oficialmente a Fenabrave não vai revisar projeções. A própria falta de produtos, segundo ele, pode impedir uma queda inferior aos 29% previstos. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)