Correio do Povo
A escassez de insumos nacionais e importados tem atrasado a entrega de parte dos pedidos e preocupado os fabricantes de máquinas e implementos agrícolas no Rio Grande do Sul. Esse é um dos efeitos da pandemia da Covid-19 no segmento, que está diante de boa demanda para seus produtos. A produção interna de aço e a agenda alterada da chegada de navios se tornaram os principais entraves do momento.
O presidente do Sindicatos das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande no Sul (Simers), Claudio Bier, afirma que as empresas não precisaram suspender operações no Estado e que o mercado está muito aquecido. Mas admite que a entrega das máquinas pode atrasar. “Muitas indústrias vão cumprir os prazos com dificuldade, se conseguirem, porque faltam itens hidráulicos e eletrônicos que vêm de fora”, explica. Outra matéria-prima fundamental é o aço que, segundo o dirigente, está com oferta reduzida e, consequentemente, ficou mais caro. “Quem não tem estoque está com problemas para adquirir aço”, reitera Bier, destacando que o preço da tonelada do produto subiu 15%.
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSMIA/Abimaq), Pedro Estevão Bastos, lembra que o aço constitui cerca de 70% de uma máquina agrícola. Observa, ainda, que 13 fornos do Brasil estão abafados (reduzidos a uma temperatura baixa, mas não desligados), e que reativá-los leva em torno de 60 dias, o que vai retardar o fornecimento. “Neste momento, o segmento voltou com muito vigor e pode faltar aço para a alta demanda”, calcula. Bier acredita que a situação se normalize até dezembro enquanto Bastos prevê que a estabilidade volte um pouco depois, em janeiro.
Capacidade
O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, informa que o Brasil tem 35 aciarias, unidades das siderúrgicas que fabricam aços. Dessas, 16 estão paradas por falta de mercado, já que nem todos os setores compradores estão bem como as máquinas agrícolas. O dirigente também destaca que a produção do setor caiu 23% de 2013 até 2019 por ausência de demanda.
Há 31 usinas no Brasil distribuídas em dez estados, incluindo o Rio Grande do Sul, que têm condições instaladas para produzir 51 milhões de toneladas de aço bruto, mas que trabalham com 63% da capacidade total no momento. “Em abril, essa produção caiu para 42% e hoje, já está quase o nível de normalidade”, explica Lopes. (Correio do Povo/Cíntia Marchi)