AutoIndústria
Todas as dificuldades geradas pela pandemia não impediram que o consumidor brasileiro fosse tentado com vários lançamentos de veículos no transcorrer de 2020, mas principalmente de SUVs. Chegaram às revendas pelo menos nove novas alternativas de utilitários esportivos nacionais e importados, das faixas de preço mais em conta às mais caras. As principais, com produção local, como GM Tracker, Volkswagen Nivus, Tiggo 8 ou o facelift do Renault Duster.
Essa avalanche de SUVs em um ano de forte queda do mercado só serviu para acirrar ainda mais a briga pelo segmento que mais cresceu na última década, já é o maior do mercado interno, com 32% das vendas de automóveis, e que demonstrou resiliência como nenhum outro, ao recuar 18,6% no acumulado até setembro, enquanto as vendas de todos os modelos de automóveis despencaram 34,6%.
A Fenabrave prefere relacionar 40 modelos no ranking de mais vendidos, mas o número de SUVs em oferta supera a casa da meia centena. E muito mais vem por aí. Sem os tortuosos meses de pandemia que forçaram a postergação de lançamentos desde abril, 2021 deve ser palco de lançamentos de pelo menos duas dezenas de utilitários esportivos ou de modernização de modelos já conhecidos.
Estão prometidos, por exemplo, o primeiro Fiat, um Jeep nacional de 7 lugares, além das versões híbridas plug-in do Renegade e Compass, os inéditos Volkswagen Taos e Toyota Cross, o Renault Captur com motor turbo, as segunda geração do Peugeot 2008 e profundo face-lift do Nissan Kicks, além do Ford Escape. Isso apenas para ficar nos modelos de maior potencial de vendas.
Com esse cardápio e a consolidação da oferta dos produtos que chegaram às concessionárias este ano, em meio à retomada da produção e das vendas, passa a ser um exercício e tanto imaginar como ficará o ranking das marcas no segmento.
Há, contudo, alguns bons indicadores de quem, dentre as marcas mais destacas, poderá se dar bem ou ter maiores dificuldades. Hoje com 20,2% de penetração, a Jeep terá boas armas para sustentar sua liderança estabelecida desde meados da década e tentar barrar a vertiginosa ascensão da Volkswagen.
Há apenas dois anos, antes de sua “ofensiva de SUVs” alardeada para todo o planeta, a marca alemã conseguia somente 1,1% das vendas do segmento no Brasil com o mexicano Tiguan. A introdução em 2019 do T-Cross, agora o SUV mais vendido, e mais recentemente do Nivus catapultaram a participação para 15,7%!
E com o argentino Taos, definido para o segundo trimestre, a montadora terá um produto ainda mais adequado para brigar diretamente como Compass, responsável por 48% das vendas da Jeep.
O lançamento do Tracker nacional foi decisivo para a GM quase triplicar sua penetração. Se encerrou o ano passado com 3,7%, acumula 10,3% após os nove primeiros meses de 2020 e ultrapassou a Hyundai (9,9%), cujo principal modelo aqui, o Creta, ingressará em seu quarto ano de mercado e ainda aguarda a segunda geração já oferecida na Ásia.
A Honda, quinta colocada com 8,1%, acaba de promover apenas uma discretíssima atualização do WR-V e não deve ter um novo HR-V, seu SUV mais vendido, antes de 2022. Dificilmente, assim, reverterá sua curva descendente iniciada em 2015, quando liderou as vendas com mais de 17% de penetração e tinha o HR-V, recém-lançado, como utilitário esportivo mais vendido no País, assim como no ano seguinte.
Não é o caso da Nissan (7,5%), dependente somente do Kicks, que, uma vez renovado, pode voltar a atrair o interesse do consumidor de SUVs compactos. Lançado em 2016, o modelo chegou a ser o quarto mais vendido em 2018 e 2019, mas aparece agora na sexta colocação.
Como ajuda extra nos negócios, a Nissan deve ainda contar com a mais nova geração do X-Trail, importada que brigará entre os SUVs médios.
Expectativa de voltar a melhores dias no segmento também tem a Renault. O recente facelift do Duster e do Captur, esperado para a metade do ano que vem, serão acompanhados do novo motor 1.3 TCe flex de injeção direta e 150 cv de potência.
A substituição do atual 1.6 deve corrigir o modesto desempenho dos dois SUVs, uma das principais deficiências dos Renault diante dos concorrentes direto e, claro, fator que também limita mais emplacamentos. (AutoIndústria/George Guimarães)