AutoIndústria
Em outubro do ano passado, durante a Fenatran, a Scania dava o primeiro passo em defesa do gás como um combustível viável, eficiente e, acima de tudo, agente responsável para contribuir com a redução de emissão de CO2 na cadeia de transporte no País.
Na ocasião, a fabricante anunciou a produção de caminhões a gás no Brasil, mostrou a solução, e fez sua primeira venda, para a RN Express. Doze meses depois, a montadora já soma 50 caminhões movidos a gás – natural ou biometano -, indicando que a decisão de liderar a construção de mercado baseado no combustível alternativo se mostra acertado.
O volume alcançado, por óbvio, ainda está longe de promover profunda transformação no sistema de transporte. As vendas representaram apenas 0,15% dos 31,4 mil caminhões pesados emplacados até setembro.
Não se pode negar, no entanto, que é um começo promissor, tanto com relação ao desempenho no mercado – afinal, foram cinco unidades por mês, em média, considerando o período de janeiro a outubro -, quanto pelos parceiros que apostam no modelo.
Caminhões a gás da Scania passaram a atuar na frota de transportadoras a serviço de empresas como PepsiCo, Citrosuco, Unilever, Carrefour, L’Oréal, além de experiências em usinas do setor sucroalcooleiro, especialmente interessadas pela possibilidade de produzir biometano a partir dos resíduos da cana. A mais recente venda que encorpou o volume alcançado até o momento foi um negócio envolvendo 11 unidades para a TransMaroni.
“O transporte a gás se encaixa com a realidade socioeconômica brasileira. Temos reservas abundantes e matéria-prima de sobra para produzir biogás, dos resíduos domésticos aos agrícolas”, observa Silvio Munhoz, diretor de vendas da Scania no Brasil.
A Scania não nega que a deficiência na infraestrutura de abastecimento ainda é o gargalo a ser enfrentado. O País soma 1,5 mil postos com oferta de gás, porém, a maior parte mais adequada para automóveis.
“É uma condição em transformação. Há diversas empresas, distribuidores de combustíveis e fornecedores de equipamentos trabalhando para mudar. Se tivermos um posto com gás a cada 300, 400 quilômetros, o problema estará superado”, destaca Munhoz. “E isso não vai demorar para acontecer”. (AutoIndústria/Décio Costa)