Brasil começa a registrar falta de motoristas

Caminhões e Carretas

 

Realidade incontestável na América do Norte e na Europa, a falta de motoristas também começa a ser registrada no Brasil. É o que aponta o relatório técnico “A falta de motoristas para as empresas do TRC”, elaborado pelo Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC) em parceria com o SETCESP (Sindicato das empresas de transporte de SP).

 

Com base nas informações cedidas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e também pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (DETRAN-SP) e Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), o levantamento revelou neste primeiro momento uma queda significativa no número de motoristas habilitados para direção de caminhão (categoria C e complementares).

 

Até 2015, o país registrava um crescimento médio de 1,4% ao ano no número de motoristas de caminhões, chegando a um total de 5.605.511 profissionais habilitados na categoria C e complementares. Entretanto, este cenário começou no período seguinte. Entre 2015 e 2020, este número começou a recuar em média 5,9% a cada ano em todo o país, chegando a um total de 4.541.998 profissionais.

 

Dentre todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, São Paulo, foi o estado que registrou a maior queda. Destaque para o recuo significativo de 8,9% no número de motoristas profissionais habilitados na categoria C e complementares, entre 2017 e 2018.

 

O relatório técnico também aponta uma mudança no perfil de idade dos motoristas no estado de São Paulo. Em 2010 a maior parte dos profissionais encontrava-se na faixa de 41-50 anos de idades. Já em 2020, a maior parte dos motoristas passou a se concentrar na faixa de 51-60 anos, confirmando assim um envelhecimento da categoria. O número e motoristas mais jovens também recuou bruscamente. Na primeira faixa (18-21 anos) o recuo chegou a 64,1%, enquanto a faixa de 22-25 anos registrou queda similar de 63,7%.

 

Segundo o IPTC, o envelhecimento dos motoristas de caminhão no estado paulista acompanha o panorama nacional.

 

Além da faixa etária, o levantamento encomendado pelo SETCESP também traça o perfil dos motoristas. Atualmente 65% dos motoristas contratados pelas empresas possuem ensino médio completo e 17% o ensino fundamental concluído. Já a idade média de contratação é de 41-68 anos e tempo médio de carreira nas empresas de 1,94 anos.

 

Por fim, a pesquisa também revela um crescimento anual e sem interrupções nos salários pagos aos motoristas no estado de São Paulo. Em 2019, o mercado pagou em média aos motoristas de caminhão R$ 2.064, crescimento recorde de 24,8% em relação a remuneração média de 2015.

 

Com o objetivo detalhar ainda mais o mercado de trabalho do transporte rodoviário de cargas e compreender as causas que estão conduzindo o país para o preocupante o preocupante cenário de falta de motoristas, a pesquisa do IPTC em parceria com o SETCESP segue acontecendo em quatro etapas. (Caminhões e Carretas)