AutoIndústria
Repetindo o que ocorreu com mercado interno total de automóveis e comerciais leves, as marcas associadas da Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, tiveram em setembro o melhor mês de vendas em 2020. Foram licenciados no período 2.834 veículos importados, 4,8% a mais do que em agosto e recuo marginal de 0,4% na comparação com o setembro do ano passado.
As vendas acumuladas nos primeiros nove meses do ano superaram 19,8 mil emplacamentos, queda de 20,8% sobre a frota negociada em igual período de 2019. O decréscimo é bem inferior ao registrado no mercado total de automóveis, que superou 30% de janeiro a setembro.
Ainda assim, João Henrique Oliveira, presidente da entidade, diz que o quadro para os importadores dificilmente seria pior. O executivo interpreta que a queda só não foi superior devido aos estoques de veículos importados antes da escalada de 40% da moeda americana a partir do começo do ano.
“Nesse sentindo, a visão otimista que nossas associadas tinham no fim de 2019 acabou ajudando. Elas importaram mais do que o mercado absorveu nos últimos meses e puderam protelar o repasse do aumento de custos aos consumidores”, afirma Oliveira.
Com a expectativa da entidade de que a cotação média do dólar ao longo de 2021 permanecerá acima dos R$ 5,00, a Abeifa vê na redução do Imposto de Importação de 35% para 20%, índice da tarifa externa comum do Mercosul, a alternativa quase solitária para atenuar a pressão sobre o segmento.
A entidade vem dialogando com o governo, que também recebeu o pedido de reavaliação sobre as taxas de híbridos e elétricos, já responsáveis por boa parte das vendas dos importadores. Mas Oliveira, aparentemente, não nutre nenhum otimismo sobre mudanças no curtíssimo prazo ao citar as dificuldades macroeconômicas e políticas enfrentadas pelo governo.
O presidente da Abeifa, por outro lado, manifesta mesmo preocupação com o destino de boa parte dos segmentos de veículos importados que hoje, com o real desvalorizado, têm custos e preços finais muito maiores do que os concorrentes nacionais diretos.
Embora não veja disposição de saída do País de nenhuma das quinze marcas associadas da entidade, ele acredita que, a prosseguirem o atual quadro cambial e política tributária, os importadores deverão, cada vez mais, se concentrarem em segmentos de luxo, esportivos e nichos.
Aceleração rápida!
Um indicativo dessa tendência é o próprio quadro atual de associadas da entidade. Somente três delas – Kia, JAC e Suzuki – têm produtos na faixa de preços de alguns nacionais e ainda assim de versões superiores. A Caoa Chery, que poderia entrar nessa lista, vem substituindo sua oferta por modelos fabricados aqui.
As onze marcas restantes exploram segmentos de luxo e esportivos. São os casos, por exemplo, de Land Rover e Porsche, também as únicas associadas que registram evolução nas vendas quando comparadas a 2019.
A primeira superou 2,6 mil veículos, crescimento significativo de 17,7%. Já da marca alemã foram licenciados 2.023 SUVs e esportivos, salto de nada menos do que 62,5% sobre os primeiros nove meses do ano passado.
A Ferrari repetiu, de janeiro a setembro as mesmas 23 unidades negociadas no ano passado. Prova de que a crise passa longe do topo, para onde, lentamente, os importadores estão sendo forçados a caminhar. (AutoIndústria/George Guimarães)