Portal Exame
A configuração do mercado automotivo brasileiro está mudando. A General Motors, que lidera as vendas há mais de quatro anos com o compacto Onix, está perdendo participação, principalmente para a Volkswagen, que agora encostou na americana com uma diferença de apenas 0,1% de market share. E enquanto as duas travam uma disputa pela liderança, também há mudanças no resto do pódio, com a Hyundai ganhando espaço.
Em julho deste ano, a Volkswagen quebrou a hegemonia da GM de quase 60 meses consecutivos de liderança – 57 mais precisamente – ao emplacar o SUV T-Cross como o veículo mais vendido do mercado brasileiro no mês.
No acumulado de 2020, a americana mantém a liderança em automóveis e comerciais leves, mas com uma vantagem de apenas 0,13% sobre a alemã, segundo a Fenabrave. Há um ano, essa diferença era de 2,46% (sobre uma base maior).
Com a queda expressiva dos emplacamentos neste ano, em torno de 35%, a disputa por mercado se intensificou e cresceu principalmente no segmento de empresas e frotistas – a chamada venda direta. A negociação com locadoras, que puxaram as compras na área, vem crescendo e nenhuma montadora tem ficado de fora. Em algumas delas, a venda direta chega a 50% do total.
Pódio
Logo depois da Volkswagen, a Fiat ocupa “tranquilamente” o terceiro lugar no ranking de participação de mercado, com cerca de 15% de market share. Em 2019, foi o primeiro ano em seis que a marca italiana avançou em participação no Brasil. A montadora figurou como líder no país por 13 anos consecutivos até 2014.
Hyundai, Ford, Toyota e Renault disputam as próximas colocações do ranking, respectivamente, com ligeira vantagem da sul-coreana, que em um ano tirou a francesa do posto de quarta maior montadora do país. Mérito do compacto HB20, que é vice-líder em emplacamentos.
Há apenas um ano, a Renault ocupava a quarta colocação no ranking de market share no país, seguida da Ford e da Toyota. A Hyundai era a sétima colocada.
No entanto, o bom desempenho do HB20 pode não ser suficiente para segurar a concorrência. A Ford, que vem logo em seguida no ranking de market share, tem na força do compacto Ka o seu trunfo para subir e recuperar seu posto de quarta maior montadora do país, perdido já há alguns anos.
Já a Renault vem travando uma disputa com a Toyota, após alguns anos de lugar seguro com inúmeros modelos de boa performance, como os compactos Sandero e Kwid, além dos SUVs Duster e Captur. Mas além do avanço da concorrência, os problemas enfrentados pelo grupo globalmente trazem um desafio adicional para a companhia lidar.
Faltam quatro meses para o encerramento do ano e a tendência é que a disputa se mantenha acirrada. “Agora, a liderança do mercado vai depender da estratégia de cada empresa, incluindo venda direta, descontos e disponibilidade de amplo portfólio nas concessionárias”, diz Murilo Briganti, diretor de produto da Bright Consulting consultoria especializada. (Portal Exame/Juliana Estigarribia)