O Estado de S. Paulo
A recuperação da produção industrial é forte e disseminada pelo País. Em julho, 12 dos 15 locais pesquisados regularmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram taxas positivas no volume de produção da indústria, na comparação com o mês anterior. Na média nacional, o aumento foi de 8,0% de junho para julho.
A ampla difusão de resultados positivos, alguns surpreendentemente expressivos (no Ceará, o aumento entre junho e julho foi de 34,5%), é uma boa indicação de que a retomada da produção é firme e intensa. Ressalvese, porém, que a recuperação vem ocorrendo sobre uma base fortemente comprimida pela virtual paralisação da atividade produtiva logo após a chegada da pandemia do novo coronavírus ao País, que exigiu medidas rigorosas de isolamento social para combater sua difusão.
A despeito do rápido crescimento nos últimos meses, os principais polos industriais ainda operam em níveis bem inferiores aos registrados nos dois primeiros meses do ano.
Mais ainda, persistem muitos obstáculos ao crescimento. Alguns deles existiam antes da pandemia, que os agravou. Outros foram trazidos pela súbita paralisação da economia imposta pelas medidas de enfrentamento da crise sanitária.
No plano estrutural, o setor industrial brasileiro, sobretudo a indústria de transformação, acumula há muito tempo perdas de eficiência em comparação com o de outros países, o que reduz sua capacidade de competir internacionalmente. Do lado fiscal, as projeções de déficit pelos próximos anos, com o consequente crescimento da dívida pública, reduzem a capacidade de investimentos do governo, que já é muito pequena, e assombram os projetos de longo prazo do setor privado.
Problemas financeiros trazidos pela redução dos negócios igualmente dificultam a ampliação dos investimentos privados. Os altos níveis de desemprego comprimem os orçamentos familiares e limitam o consumo.
É animador, nesse quadro ainda incerto, o ritmo com que importantes parques industriais regionais vêm crescendo nos últimos meses. O de São Paulo, de acordo com cálculos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), cresceu 9,9% em maio, 10,7% em junho e 8,6% em julho, na comparação com o mês anterior. (O Estado de S. Paulo)