Agência de Notícias Brasil-Árabe
Especializada em tecnologia no campo, a empresa de maquinário agrícola Jacto quer estabelecer laços de cooperação com o Marrocos. Entre as possíveis trocas de conhecimento, o gerente comercial da companhia, Gustavo Serizawa, destaca as possibilidades na área de equipamentos de pulverização e de agricultura de precisão em geral. “Queremos fazer cooperação para implantação de novas tecnologias. Temos muito orgulho de contribuir um pouco nesse crescimento [de tecnologia no campo]”, pontuou Serizawa durante o webinar “Marrocos e Brasil: O Agronegócio Conectando os Continentes”. O evento foi promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta quarta-feira (09) e reuniu 880 pessoas do Brasil e do exterior.
Visando as oportunidades que o país árabe oferece no campo, a Jacto já participou da Salão Internacional de Agricultura do Marrocos (Siam), há dois anos. “É uma feira muito interessante, esperamos participar mais. Falamos com importadores e distribuidores. [Encontramos um] mercado aberto para mecanização. E pensamos em desenvolver a Jacto Portáteis, devido às características de produção de tomate na parte litorânea, e sistema hidropônico, além de cítricos no leste do país e a produção de oliva. Há grandes oportunidades de negócios para máquinas agrícolas e [troca de] conhecimento”.
O gerente explicou que a companhia chegou a participar de negociações, mas não avançou após os primeiros contatos. “Nossas maiores dificuldades são a logística, e o segundo ponto é a taxação. Há políticas que beneficiam parceiros mais próximos do Marrocos e acredito que podemos trabalhar mais nisso”, explicou ele, elencando também a possibilidade de financiamento como um terceiro ponto a ser melhorado.
Também presente no painel, Patrícia Gomes, diretora executiva de mercado externo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), abordou a complementariedade do Brasil e Marrocos no agronegócio, suas oportunidades e desafios. Gomes citou planos nos quais o governo marroquino vem trabalhando e que incluem oportunidades para o setor como é o Plan Maroc Vert, onde há destaque para a revitalização da agricultura familiar e os investimentos em tecnologia. “No setor de máquinas e equipamentos, do que é exportado para o Marrocos, o Brasil não tem participação relevante, então é uma oportunidade para aproximação. O Brasil é o 8º maior produtor de máquinas e equipamentos do mundo. [Devemos] Pensar o Brasil como produtor de tecnologia”, pontuou ela.
A diretora lembrou que as colheitadeiras e os pulverizadores são os principais maquinários exportados pelo Brasil. E sobre a vontade do setor de expandir o comércio com o Marrocos, Gomes explica que a importância do país extrapola as oportunidades no mercado interno, chegando a toda região em seu entorno. “O Marrocos é um hub na região”, explicou.
Da abertura do webinar participam o embaixador do Brasil em Rabat, Julio Bitelli, e o embaixador do Marrocos em Brasília, Nabil Adghoghi. Para Adghoghi, eventos como o webinar são fundamentais para gerar ações que facilitem o comércio entre os dois países. “O Marrocos já é um mercado bom. A agricultura marroquina para alcançar um [nível de] performance, vai necessitar de um maquinário agrícola altamente competitivo. E o maquinário agrícola brasileiro tem todo espaço para se posicionar nesse agronegócio marroquino”, afirmou.
Neste sentido, Bitelli destacou o bom momento da relação Brasil e Marrocos e os setores mais promissores. “Mel, ração para animais, lácteos, embriões bovinos são áreas em que podemos conseguir resultados importantes em um prazo relativamente curto”, frisou o embaixador do Brasil em Rabat.
As apresentações foram mediadas pela gerente de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar. “Foi excelente este debate. Todos trouxeram pontos em comum [a respeito] da cooperação e qualificação. [Vamos] deixar esses mercados conhecerem um ao outro para amplificar a balança comercial que pode ser tão mais rica”, afirmou Baltazar.
O evento também contou com abertura do presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun. O webinar contou com outros panelistas, entre eles Olavio Takenaka, head da OCP no Brasil, a maior indústria de fertilizantes marroquina, que destacou o Brasil como mercado estratégico. Também falaram na ocasião, Alexandre Morais do Amaral, pesquisador, gerente e coordenador internacional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sobre a agricultura brasileira e as oportunidades de parceria em inovação e tecnologia. Além do adido agrícola do Brasil no Marrocos, Nilson César Castanheira Guimarães, que explanou sobre como fortalecer e intensificar a complementaridade econômica entre os países. (Agência de Notícias Brasil-Árabe/Thais Sousa)