Diário do Transporte
A fabricante chinesa BYD anunciou nesta quarta-feira, 09 de setembro de 2020, que concluiu na fábrica de Campinas, no interior de São Paulo, a primeira unidade de um chassi elétrico para ônibus urbano articulado de 22 metros de comprimento, com piso alto.
Em junho, já tinha sido apresentado um modelo de ônibus articulado com piso baixo.
O modelo recentemente concluído é indicado, segundo a fabricante, para sistemas de BRT (Bus Rapid Transit) e VLP (Veículos Leves sobre Pneus) em corredores exclusivos e com embarque e desembarque em nível, ou seja, na mesma altura das plataformas de estações e terminais, sem a necessidade de degraus para o passageiro entrar e sair do ônibus.
Conforme mostrou o Diário do Transporte, foram vendidas 12 unidades do modelo para o sistema denominado VLP Linha Verde de São José dos Campos, no interior paulista.
Os veículos vão receber um novo modelo de carroceria denominado pela Marcopolo de Attivi Express.
O sistema deve começar a operar em outubro de 2021.
Segundo nota da BYD, o modelo chassis D11A, com 22 metros de comprimento será movido a baterias de fosfato ferro lítio (LifePO4) e autonomia de até 250Km com uma carga completa. O chassi segue para implemento da carroceria e posterior processo de homologação.
Apesar de as primeiras vendas serem realizados para um sistema de corredores em construção, o diretor da Divisão de Ônibus da BYD Brasil, Marcello Von Schneider, disse que o modelo é indicado para os BRTs já em funcionamento com a vantagem de oferecer, sem alterações na infraestrutura viária e de terminais e estações, um serviço de ônibus não poluente e com baixo nível de ruído.
“O ônibus articulado piso alto 100% elétrico foi totalmente adaptado para atender as necessidades dos corredores expressos que possuem plataforma de embarque. Desta forma, o chassi D11A, a BYD consegue atender tanto novos projetos de corredores expressos, quanto BRTs já existentes”, disse na nota.
Segundo a fabricante, um ônibus elétrico poupa a atmosfera de mais de 100 toneladas de gás carbônico que seriam emitidas por um ônibus a diesel comum.
“Os ônibus elétricos representam um grande instrumento para a redução de poluentes locais e de gases causadores do efeito estufa. Na média, cada ônibus comum a combustão consome 90 litros de diesel em um dia de operação. Sendo assim, cada ônibus elétrico evita a emissão de 110 ton/ano de CO2 na atmosfera.”
Fábrica de Campinas
Segundo a BYD, a planta de Campinas tem capacidade de produção de 720 chassis por ano, podendo aumentar para até 1.440 ao ano.
Com isso, poderiam ser atendidos grandes sistemas, como da Capital Paulista, onde uma lei municipal determina reduções de emissões pela frota de ônibus.
Em 17 de janeiro de 2018, o então prefeito João Doria (hoje governador) promulgou a lei 16.802 que altera a Lei 14.933, de 2009, chamada de Lei de Mudanças Climáticas.
A “nova lei” determinou reduções de emissões de poluição pelos ônibus de São Paulo devem ser de acordo com o tipo de poluente em prazos de 10 anos e 20 anos. Assim, não será exigido um tipo de ônibus, muito embora ao fim dos 20 anos, na prática, somente os modelos elétricos, trólebus a hidrogênio poderão atender algumas exigências.
Em 10 anos, as reduções de CO2 (gás carbônico) devem ser de 50% e de 100% em 20 anos. Já as reduções de MP (materiais particulados) devem ser de 90% em 10 anos e de 95% em 20 anos. As emissões de Óxidos de Nitrogênio devem ser de 80% em 10 anos e de 95% em 20 anos.
Mas, como mostrou o Diário do Transporte, por causa dos efeitos da pandemia de Covid-19, tanto a renovação de frota como a estruturação das linhas tiveram prazos alterados, mas sem comprometer as metas finais:
“Atualmente, a fábrica instalada em Campinas produz chassis para ônibus elétricos dos modelos D9W (urbano 13 metros piso baixo), D9A (urbano 13 metros piso alto), D9F (fretamento), articulado D11 B (Piso baixo) e articulado D11A (Piso alto).” – diz a BYD em nota.
Baterias em Manaus
As baterias dos ônibus elétricos serão feitas pela planta no Polo Industrial de Manaus (PIM).
As baterias são de fosfato de ferro-lítio (LiFePO4), inicialmente voltadas para toda a linha de chassis de ônibus 100% elétricos, fabricados em Campinas. Com um investimento de R$ 15 milhões, a fábrica, instalada em uma área de 5 mil metros quadrados, permite a expansão de novas linhas de produção no futuro.
O modelo
Na nota, a BYD traz algumas características do modelo de 22 metros com piso alto:
- Autonomia de até 250 km;
- Cinco anos de garantia para o trem de força: motores elétricos e caixa de redução;
- Carregamento fácil em até 3,5 horas;
- Baixo consumo energético;
- Zero emissão de poluentes e ruídos;
- Baixo custo de manutenção;
- Quatro Motores elétricos BYD – 2912TZ-XY-A
- 4X 201 cv de potência máxima integrados às rodas;
- Estrutura em aço de alta resistência à torção e à flexão;
- Freios a disco com sistema ABS e controle de tração
(Diário do Transporte/Adamo Bazani)