Usinagem Brasil
Pela primeira vez desde o início da pandemia o setor de máquinas e equipamentos registrou, em julho, crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior. Com faturamento de R$ 12,5 milhões, a alta apurada foi de 15%, descontada a inflação. Segundo a Abimaq, que apresentou o balanço do setor em coletiva de imprensa online realizada na semana passada, apesar de o mês de julho ser uma base de comparação fraca, “o avanço deste mês sinaliza estabilidade no pós-pandemia”. No entanto, no acumulado do janeiro a julho o faturamento do setor (R$ 69,2 bilhões) ainda está 4,6% abaixo do apurado nos sete primeiros meses do ano passado.
“A melhora no mercado doméstico puxou a receita do setor”, explicou José Velloso, presidente-executivo da Abimaq. As vendas internas em julho cresceram 29,7% frente ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, as receitas internas somaram R$ 48,4 bilhões, o que representa queda de – 1,9% em relação ao período janeiro-julho de 2019.
Na avaliação de Velloso, não fosse a forte queda nas exportações o setor até poderia estar trabalhando com perspectiva de crescimento em 2020. As exportações, em julho, caíram -33,3% em dólares na comparação com o mesmo mês do ano passado – após quedas de -35,6% em junho e -34,7% em maio. No acumulado de 2020, as receitas com as exportações já encolheram 26,8%.
O consumo aparente é outro dado positivo no balanço do setor. Em julho o crescimento foi de 18,8%; no acumulado do ano a alta é de 9,8%. Segundo a entidade, este crescimento pode estar relacionado às compras de máquinas reprimidas nos últimos meses em virtude da paralisação das atividades. “Os próximos meses serão essenciais para verificar se o avanço do consumo aparente permanecerá nesse mesmo ritmo ou se foi um evento pontual e passageiro. Esta variável indicará a disposição das indústrias nacionais ao investimento no Brasil”, avalia a Abimaq.
As importações de máquinas e equipamentos recuaram 18,3% em julho na comparação interanual, queda menos intensa que a observada em junho (- 32,5%) e maio (-30,6%). No ano, as importações acumulam alta de +2,4% entre janeiro e julho de 2020.
Previsões
Velloso relembrou a avaliação feita em maio de que o fundo do poço havia ficado em abril, o que está se confirmando nos três últimos meses no mercado interno. Após a forte queda em abril, de -28%, o faturamento cresceu 19% em maio, registrou estabilidade em junho e cresceu 30% em julho.
Com isso, as previsões da entidade para o setor de máquinas e equipamentos industriais em 2020 têm sofrido várias alterações. No final do ano passado, a estimativa era de alta de 10%; com o surgimento da pandemia, passou a ser de queda de -10%. Agora, segundo Velloso, já para dizer que a queda deve ficar entre 3,5% e 4%. “Devemos terminar melhor no mercado interno, o que é surpreendente”, disse. “Vamos torcer agora para as exportações também melhorarem”. (Usinagem Brasil)