O Estado de S. Paulo
A BYD, montadora de chassis para ônibus elétricos em Campinas (SP), iniciou neste mês a produção de baterias inicialmente para seus veículos, mas no futuro também poderá atender outras fabricantes. A fábrica no Polo Industrial de Manaus (AM), a primeira desse tipo de bateria no País, deve produzir 272 unidades até novembro – que vão equipar ônibus já encomendados por clientes da marca –, mas sua capacidade é de mil unidades ao ano.
Nessa primeira fase de operação foram investidos R$ 15 milhões apenas em maquinários, como soldas automatizadas, mas há planos para uma segunda fase, com produção de baterias para caminhões elétricos, e uma terceira, para sistemas estacionais que são usados, por exemplo, pelo setor elétrico em momentos de pico de abastecimento. No longo prazo a empresa também poderá produzir baterias para automóveis.
A operação tem cerca de 70 funcionários, mas a intenção é ampliar para 200 nos próximos meses. Inicialmente, apenas 30% dos componentes da bateria são nacionais, porcentual que deve chegar a 50% entre 2022 e 2023.
Os primeiros veículos que deverão ser equipados com a bateria são 12 ônibus elétricos articulados de 22 metros cada encomendados pela prefeitura de São José dos Campos (SP), que terão chassis da BYD e carrocerias da Marcopolo. Segundo a BYD, além de não emitir poluentes, o gasto com abastecimento de um ônibus elétrico equivale a 25% ao de um modelo a diesel.
As baterias são de fosfato de ferro-lítio, consideradas mais seguras do que outros tipos de químicas de lítio. “O início dessa produção coloca o Brasil no radar internacional da corrida das tecnologias para o futuro”, diz Adalberto Maluf, diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD. Ele vê a iniciativa como um avanço, apesar de o Brasil ainda ter um mercado muito pequeno de veículos elétricos e híbridos
No ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram vendidos no País 11.858 veículos híbridos e elétricos. Neste ano, até julho, foram 9.236 unidades. Além do potencial futuro para o mercado automotivo, Maluf lembra que só as reservas de lítio da Argentina, Bolívia, Brasil e Chile estão entre as maiores do mundo e, “é por isso que a BYD está investindo no Brasil”.
Laboratório fotovoltaico
Na semana passada a empresa chinesa, que também produz em Campinas placas voltaicas para energia solar, inaugurou seu Laboratório Fotovoltaico, com investimentos de R$ 7 milhões. O laboratório fará testes de novas tecnologias e tem uma miniusina solar, em parceria com o grupo Royal FIC e o Instituto Eldorado, além de estação meteorológica para estudos de vários tipos de módulos fotovoltaicos de acordo com o clima e a temperatura de cada região do País.
Ao mesmo tempo, a BYD doou R$ 5 milhões em equipamentos para a Universidade de Campinas (Unicamp) para um laboratório similar, a ser inaugurado nos próximos meses, mas focado em pesquisas acadêmicas de novos materiais e diferentes aplicações, entre outras.
Instalada no Brasil em 2015, a primeira fábrica local do grupo, tem capacidade anual para 750 chassis de ônibus elétricos e possibilidade de dobrar esse número se houver demanda. Atualmente, contudo, a produção está na casa de 300 e 350 unidades.
Maluf lembra que, no ano passado, foram vendidos 1.045 ônibus elétricos na América do Sul, mas todos pela matriz chinesa. Em razão da alta carga tributária brasileira, a unidade local não tem competitividade para atender esse mercado. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)