PIB deve cair 8,7% no 2º trimestre, prevê FGV

O Estado de S. Paulo

 

A parada da economia por causa da pandemia de covid-19 levou o Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os serviços e produtos produzidos em determinado período) do segundo trimestre a registrar o pior desempenho da história, nos cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O tombo na comparação com o primeiro trimestre foi de 8,7%, conforme o Monitor do PIB, indicador da FGV que procura antecipar, com a mesma metodologia, o dado oficial calculado pelo IBGE, que será divulgado em duas semanas.

 

Nos cálculos da FGV, não há queda de um trimestre ante o trimestre imediatamente anterior nessa magnitude desde 1980. Para anos anteriores, não há dados trimestrais, mas, de 1901 até a década de 1970, prevalecem avanços anuais no PIB, segundo dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mesmo nos anos de recuo, como na Grande Depressão – houve retrações em 1930 (2,1%) e 1931 (3,3%) –, num contexto econômico completamente diferente do atual, as quedas foram abaixo do que é esperado para 2020 – as projeções captadas no Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC), apontam para retração recorde de 5,52%.

 

A queda do PIB na pandemia de covid-19 supera com folga as retrações registradas em outras crises, como a causada pela hiperinflação e pelo confisco das poupanças no início do governo Fernando Collor de Melo, em 1990 – no quarto trimestre daquele ano, o PIB caiu 4,7% ante o terceiro trimestre –, e a provocada pela crise financeira de 2008 – o quarto trimestre daquele ano teve queda de 3,8% ante o terceiro trimestre, mostram as contas da FGV. Na recessão de 2014 a 2016, a maior retração ficou no segundo trimestre de 2015, com -2,4% ante o primeiro trimestre daquele ano.

 

Para Claudio Considera, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/fgv) e coordenador do Monitor do PIB, os dados mostram os efeitos de uma “parada totalmente fora de esquadro, fora de razões econômicas”, por causa da pandemia.

 

Por outro lado, já apontam para uma retomada da atividade econômica em junho, confirmando que o “fundo do poço” ficou mesmo em abril. Segundo o Monitor do PIB, a atividade cresceu 4,2% em junho ante maio. Nas comparações com iguais meses de 2019, também houve melhora, com as quedas passando de 12,3% em abril e 12,6% em maio para 6,5% em junho. (O Estado de S. Paulo/Vinicius Neder)