AutoIndústria
A Volkswagen Caminhões e Ônibus consolidou o maior negócio de sua história em um único pedido. O Grupo Vamos, pertencente à Simpar, holding que hoje controla o Grupo JSL, adquiriu 1.350 caminhões da marca para oferecer em contratos de locação.
O lote também representa a maior compra já feita pelo grupo que, além de atuar como locadora de caminhões, máquinas e equipamentos, possui a maior rede de concessionárias da VWCO do País.
O negócio inclui representantes de todos os segmentos da linha da montadora, dos caminhões leves Delivery, com vocação urbana, aos rodoviários da família Constellation. As entregas começam a partir da segunda quinzena de agosto e seguem até dezembro.
Não bastasse o volume expressivo do negócio, candidato a ser um recorde do ano, as vendas de caminhões para locação sugerem apontar uma tendência. Somente nas últimas semanas, anúncio de entregas de pesados para as empresas de aluguel de veículos reforçam os sinais.
Para ficar em apenas dois exemplos recentes, em junho, a BC2, empresa de conservação e manutenção de rodovias, assinou contrato de locação com a concessionária Marka, da VWCO, de 96 caminhões. Na semana passada, foi a vez da Mercedes-Benz anunciar a venda de 80 unidades do Atego em versão betoneira para atender ao setor de cimento.
“A terceirização de frotas nunca foi uma tradição no mercado de caminhão, mas desde o ano passado as compras se apresentam mais representativas”, conta Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da VWCO.
Para o Alouche, alguns fatores ajudam a compreender a opção de parte dos transportadores pelo aluguel em vez investir em frota própria, especialmente em tempos de incertezas, como os atuais.
“Com dificuldade de aprovação de crédito junto a bancos e taxas elevadas frente a uma Selic que nunca esteve tão baixa o transportador procura alternativas. Mas não é só. A complexidade da operação sai das mãos da empresa. O gestor deixa de se preocupar com manutenção, renovação de frota, documentos, depreciação do bem.”
De acordo com José Geraldo Júnior, diretor comercial do Grupo Vamos, a tendência de crescimento na locação de caminhões não é de agora, mas a crise tem feito o transportador pensar diferente.
“O mercado começou a perceber que o residual nem sempre traz vantagens. É difícil de vender o ativo, faltam de canais disponíveis e o valor deixa fica aquém do desejável”.
O executivo conta que a Vamos possui 14 mil veículos em circulação, em contratos que variam de 60 a 120 meses. A cada mês a empresa incorpora de 400 a 600 caminhões na frota para atender às mais diversas aplicações e necessidades de transporte de carga. Há desde contratos básicos, nos quais prevê apenas o aluguel do veículo, a pacotes com planos de manutenção incluídos.
“Cada caso tem suas condições e especificidades, mas com o aluguel, uma operação de transporte pode render uma economia de até 30%. Cabe observar que a idade média da frota da Vamos é de 2,5 anos. Com caminhões novos, também o custo operacional do transportador cai.”
Para Ary de Carvalho, diretor de Vendas e Marketing da Mercedes-Benz, não é de hoje que a locação se apresenta como um negócio importante no segmento de transporte rodoviário de carga, afinal, abriga grandes empresas e, neste momento, sinaliza de alguma maneira que o mercado de caminhões está vivo. “Mais que no passado, o transportador começa a entender que não precisa necessariamente ser o proprietário do veículo. No caso da locação, a previsibilidade ganha corpo no negócio, ele sabe quanto vai pagar ao longo do contrato”. (AutoIndústria/Décio Costa)