Produção de ônibus para fretamento mantém atividade

O Estado de S. Paulo

 

Além de caminhões, as fábricas de veículos pesados produzem ônibus, o segmento do setor automotivo mais castigado na atual crise provocada pela pandemia da covid-19. “Setores mais conectados às pessoas, como aviação, ônibus, táxis e aplicativos tiveram a maior depressão”, afirma Paulo Arabian, diretor comercial de ônibus da Volvo, com fábrica em Curitiba.

 

De janeiro a maio as vendas de caminhões caíram 26% ante 2019, e as de ônibus, 42,7%. As de automóveis e comerciais leves tiveram retração de 38%, segundo a Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

 

Segundo Arabian, o que está movimentando a produção atualmente é a demanda para ônibus fretados, que representam de 12% a 15% do mercado. Empresas que já operavam com os fretados para transportar os funcionários estão encomendando novas unidades para atender as normas de manter os passageiros afastados, ou seja, um em cada banco, e intercalados nas fileiras. Arabian ressalta que as encomendas estão chegando porque várias empresas e escritórios estão retomando atividades. Os ônibus vão mais vazios, mas são necessárias mais unidades para transportar o mesmo número de pessoas.

 

No caso da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a licitação vencida no ano passado para fornecer cerca de 3,6 mil ônibus para prefeituras dentro do programa Caminho da Escola, voltado ao transporte de estudantes em áreas rurais, é o que tem dado fôlego mínimo à linha de produção em Resende (RJ). “Temos de produzir em média 300 unidades por mês, com ou sem crise, pois temos um ano para entregar”, afirma Roberto Cortes, presidente da empresa.

 

A maior fabricante de ônibus do País, a Mercedes-Benz também tem o fretamento como segmento menos impactado nas vendas em relação aos demais. Um dos setores que tem exigido mais demanda, segundo a empresa, é o de celulose, que cresceu nos últimos meses e tem feito novos contratos com empresas de fretamento. Em abril a empresa vendeu 18 ônibus para fretamento e, em maio, 24, ou seja, um aumento de 33% de um mês para outro.

 

A Scania, por sua vez, informa que algumas empresas de ônibus urbanos de São Paulo voltaram a fazer cotações, aparentemente por causa da proibição de passageiros viajarem em pé, o que exige mais unidades nas ruas.

 

Em situação mais confortável, a Marcopolo, maior fabricante de carrocerias no País, fechou as portas por apenas 20 dias na quarentena e retomou atividades em abril. O diretor Rodrigo Pikussa informa que a empresa opera com nível de atividade de 50% nas fábricas no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, e de 100% no Espírito Santo.

 

No caso do mercado brasileiro, segundo ele, as vendas no primeiro trimestre registraram crescimento tanto no segmento de urbanos como rodoviários, de mais de 50% em relação ao mesmo período de 2019. Desde abril, a empresa tem registrado maior procura por modelos urbanos, micro-ônibus e de fretamento. Já os rodoviários estão com demanda bem inferior ao habitual. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)