O Estado de S. Paulo
Um dos primeiros setores com autorização para funcionar em São Paulo, as concessionárias reabriram ontem, mas nem todas cumpriram regras da Prefeitura para conter a disseminação do coronavírus. Uso inadequado de máscaras, ausência de termômetro para medir temperatura de clientes e falta de higienização nos veículos foram alguns problemas.
Uma das exigências é o uso de películas protetoras nos bancos dos veículos ou higienização a cada uso, assim como em vidros e maçanetas. Na concessionária KFK, na zona norte, foi possível entrar em dois veículos em exposição e manusear o interior dos carros, sem orientação dos funcionários quanto ao uso de álcool em gel. Também não foi feita a medição de temperatura do cliente.
O uso obrigatório de máscaras para colaboradores e clientes não foi observado em todos os estabelecimentos. Enquanto colaboradores da área de atendimento de uma concessionária Citroën, na zona norte, usavam a proteção facial corretamente, profissionais da área técnica e de manutenção usavam a máscara cobrindo parcialmente o rosto. O mesmo problema foi observado na KFK, onde profissionais da limpeza estavam sem máscaras.
Enquanto as menores concessionárias mostraram dificuldades para se adaptar, as grandes retardaram o horário de abertura para atender às normas, como ocorreu na Sorana, na zona norte, que adiou a abertura das 10 horas para as 13 horas.
Para se adaptar às novas determinações da Prefeitura, que exige limitação do atendimento, a equipe de vendas no trabalho presencial foi reduzida de 30 para sete pessoas. A entrada de clientes foi reduzida a sete postos de atendimento. Faixas no chão demarcavam a distância entre as mesas, superior ao 1,5 metro exigido. Funcionários usavam máscaras e também viseiras. A concessionária ofereceu até máscaras aos clientes.
A liberação das concessionárias faz parte do plano de reabertura econômica conduzido pelo governo estadual. Por esse planejamento, a capital foi enquadrada na fase 2 (laranja) de flexibilização em que é permitida a abertura de alguns setores.
O ritmo de reabertura, no entanto, foi lento. Como as regras determinam o funcionamento por apenas quatro horas e fora do horário de pico, muitas lojas decidiram adiar a abertura para a hora do almoço. No início da tarde, inúmeras lojas na zona leste continuavam com as portas fechadas. Foi o caso de concessionárias da Suzuki e da Chevrolet ao longo da Avenida Alcântara Machado. Houve apenas expediente interno. O movimento na Sorana foi uma exceção. A loja recebeu ontem 14 pessoas, número considerado alto para uma sexta-feira.
Procurada sobre o uso inadequado de máscaras, a Citroën não se manifestou. A KFK informou que está orientando todos os funcionários sobre a necessidade de higienização neste primeiro dia de reabertura.
“Como foram acertados ontem a entrega e aprovação do protocolo, muitos não estavam preparados. Todas que abriram já estão atendendo a esse protocolo e as demais estão providenciando. Vamos cumprir todos os itens dos protocolos com responsabilidade”, diz Alarico Assumpção Jr., presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A Prefeitura informou que “a fiscalização vai passar a verificar se estabelecimentos estão cumprindo as regras”.
Distante
Nos escritórios, outro setor liberado pela Prefeitura, pouca coisa mudou ontem. A volta à normalidade ainda está distante e há restrições quanto ao horário e ao número de funcionários, limitado a 20% da capacidade. Segundo companhias especializadas em administrar os edifícios de grandes lajes corporativas ouvidas pelo Estadão, o plano das empresas é fazer uma retomada gradual das equipes. “Não houve mudança”, diz Alessandro do Carmo, diretor de Operações da CBRE, empresa que administra 1 milhão de metros quadrados de prédios comerciais de escritórios na cidade. Ele esperava corrida maior para a retomada, o que não ocorreu. (O Estado de S. Paulo/Gonçalo Junior e Márcia De Chiara)