Região do ABC já tem 13,6 mil de volta às montadoras

Diário do Grande ABC

 

Com a retomada ontem de parte da produção da Volkswagen na fábrica da Anchieta, em São Bernardo, a região começa a sentir a volta da atividade industrial, mesmo que as automotivas ainda não estejam operando em plena capacidade – são cerca de 13,6 mil no chão de fábrica. A paralisação nas plantas industriais do Grande ABC começou em março por causa da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com a retomada, especialista e sindicatos ainda avaliam a situação com preocupação, já que, em meio a uma crise econômica mundial, a expectativa é que o setor automotivo enfrente um 2020 sem crescimento.

 

Para o retorno de um turno da produção da unidade localizada na Anchieta, a montadora alemã fez cerca de 80 adequações, entre elas a obrigatoriedade do uso de máscaras para os funcionários, a distância de 1,5 metro entre os colaboradores e a medição de temperatura antes da entrada. A empresa anunciou o lançamento do modelo Nivus, que é fabricado na unidade, na última semana. A planta também produz os modelos Polo, Virtus e Saveiro.

 

De acordo com o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), atualmente são 4.000 funcionários atuando na unidade, ou seja, quase metade do efetivo total, atualmente em 8.500. O restante ainda continua em licença ou em home office, no caso dos funcionários administrativos.

 

Levantamento do Diário mostra que aproximadamente 13,6 mil metalúrgicos já voltaram à ativa nas montadoras da região. A primeira a anunciar a retomada foi a Scania, em abril, seguida pela também fabricante de caminhões Mercedes-Benz, em maio. A GM (General Motors) retornou nas duas últimas semanas, em São Caetano. Já a Toyota, que mantém fábrica de componentes em São Bernardo, oficialmente retorna em junho.

 

Segundo o diretor executivo do SMABC, Wellington Messias Damasceno, mesmo com as medidas tomadas pelas empresas existe preocupação com a saúde do trabalhador. Além disso, ele afirmou que o segundo semestre deste ano deve ser de tempos difíceis na economia. “O setor de caminhões, ainda tem uma resposta um pouco mais rápida, mas para automóveis o cenário vai ser difícil”, disse. “As vendas para locadoras de veículos, que estavam sendo muito importantes, sofreram um baque e a maioria das pessoas físicas compra carro com financiamento. No entanto, com a atual situação de endividamento, deve demorar para voltar”, afirmou ele.

 

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, contou que na GM a expectativa é de uma retomada do segundo turno já no dia 15. Mesmo assim, ele afirmou que é “um cenário incerto e depende dos próximos meses para ver se acontece alguma retomada mais forte.”

 

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, 2020 é um ano perdido para a economia. “Eu vejo que a recuperação do segundo semestre não será suficiente para a recuperação de tudo o que já foi perdido.” (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)