Em meio à pandemia do coronavírus, venda de veículos despenca 74,7% em maio

O Estado de S. Paulo

 

O mercado de veículos novos continuou em significativa desaceleração em maio, com queda de 74,7% das vendas na comparação com o mesmo mês de 2019. Entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus foram licenciadas 62 mil unidades, segundo dados preliminares do mercado. É o pior resultado para meses de maio em 28 anos.

 

O porcentual de queda no comparativo anual é próximo ao registrado em abril (primeiro mês completo de medidas restritivas em razão da crise do coronavírus), que foi 76% inferior ao de abril do ano passado.

 

Volkswagen

 

Já na passagem de maio deste ano para abril o setor apresentou melhora de 11,3%. No acumulado dos cinco meses do ano as vendas somam 613,8 mil veículos, queda de 37,7% ante o mesmo período de 2019, quando o mercado já tinha ultrapassado a marca de 1 milhão de unidades vendidas.

 

Paulo Cardamone, presidente da Bright Consulting, avalia que há pequenos sinais de melhora no mercado, puxado em parte pelas condições oferecidas pelas empresas (de pagamento de prestações só em 2021, por exemplo), e da reabertura de revendas em vários Estados. Também há carros vendidos nos dois últimos meses que, segundo ele, não foram licenciados em razão da suspensão de atividades de Detrans em várias localidades.

 

Para ele, os resultados deste mês deverão dar ideia melhor do mercado. “Estamos prevendo vendas perto de 100 mil automóveis e comerciais leves, metade do que era registrado antes da pandemia, mas melhor do que os dados de abril e maio.”

 

Em maio, a General Motors manteve a liderança em vendas, com quase 10 mil unidades, enquanto Volkswagen e Fiat empataram no segundo lugar, com quase 8,8 mil unidades cada. A Toyota vem na sequência, com 4,6 mil carros, seguida por Hyundai (4,5 mil), Renault (4,48 mil), Ford (4,42 mil), Jeep (2,57 mil) e Honda (2,43 mil).

 

Fábricas reabrem

 

Apesar do mercado fraco, boa parte das fabricantes já retomou atividades, após paradas superiores a um mês. Ontem, a Volkswagen voltou a operar integralmente em um turno na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), com 2,6 mil trabalhadores.

 

Os funcionários devem atuar principalmente na produção do Nivus, utilitário-esportivo compacto desenvolvido no Brasil e lançado na semana passada. A fábrica tem ainda 2,2 mil funcionários em lay-off (contratos suspensos), mas 1,2 mil deles retornam dia 22, quando, na expectativa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a planta voltará a operar em dois turnos.

 

A filial da Volkswagen em Taubaté (SP) também retomou atividades ontem com um turno. Já a do Paraná voltou em 18 de maio e a de São Carlos (SP), onde são feitos motores, no dia 26, ambas em dois turnos. Todas as unidades, contudo, vão operar com jornada reduzida em 30%, conforme acordo previsto pela MP 936.

 

Outra que voltou a ligar as máquinas ontem foi a Caoa/Chery, de Jacareí (SP), que estava parada desde 23 de março. Segundo o presidente do grupo, Marcio Alfonso, as fábricas de São Paulo e de Anápolis (GO) serão preparadas para produzir dois novos modelos, um para cada linha.

 

Até o fim de mês vão reabrir as fábricas a Ford (Camaçari), Honda, Jaguar Land Rover, Nissan e Toyota. A PSA Peugeot Citroën e algumas plantas da GM ainda não têm datas para retorno. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)