O Estado de S. Paulo
Embora alguns indicadores apresentem variação positiva, mas modesta, o quadro aferido por recentes pesquisas sobre as expectativas de empresários industriais e de consumidores é predominantemente marcado por pessimismo e incertezas. A despeito de já haver anúncio de decisões que aliviam as medidas de isolamento social, é muito baixa a confiança da maioria dos agentes econômicos.
O Índice de Confiança da Indústria medido pela Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, subiu 3,2 pontos em maio em relação a abril (passou de 58,2 para 61,4 pontos), mas ainda é o segundo pior da história. A alta é modesta, pois representa 7,4% da perda de 43,2 pontos observada entre fevereiro e abril deste ano. Por isso, diz a economista da FGV Renata de Mello
Franco, “ainda é cedo para concluirmos se o pior momento da crise ficou para trás”. Não é improvável que indicadores posteriores mostrem a persistência de um quadro crítico.
A Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de sua parte, constatou que, apesar de ter havido queda sem precedentes da atividade industrial em março, a situação piorou em abril. “Mais da metade da capacidade instalada da indústria ficou ociosa em abril e os efeitos da queda da atividade sobre o emprego, que em março se faziam presentes, se intensificaram”, segundo o relatório. Houve pequena melhora nas expectativas, mas as pesquisas continuam a mostrar “significativo pessimismo” do empresariado para os próximos seis meses.
As incertezas que marcam a vida das famílias com relação a emprego e renda, e afetam sua intenção de consumo, continuam intensas e justificam a cautela, quando não o temor, do setor industrial quanto à atividade no futuro próximo. O Índice de Confiança das Famílias, medido pela Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC) e que o setor considera uma antecipação do potencial de consumo, registrou em maio redução de 13,1%, a segunda queda mensal consecutiva e a maior de toda a série iniciada em janeiro de 2010. A perspectiva profissional das famílias piorou ainda mais, com redução de 15,6% em relação a abril.
São resultados que, como diz a CNC, “transparecem a incerteza das famílias em relação ao futuro profissional e representam a insegurança dos brasileiros”. (O Estado de S. Paulo)