Setor automotivo caiu 89% de março para abril, segundo cálculo do IBPT

Revista Amanhã

 

O impacto das restrições impostas pela pandemia da Covid-19 na economia brasileira ainda não é inteiramente conhecido, mas alguns indicadores começam a surgir e trazem resultados perturbadores. Levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra quedas acentuadas na movimentação de cargas em 11 de 15 segmentos monitorados. A retração mais acentuada ocorreu no setor automotivo, com queda de 89,7% no período de 16 de março a 15 de abril, em relação aos 30 dias anteriores. O cálculo dessa média considera dados das montadoras de veículos e de toda a cadeia de matérias primas, peças e acessórios, incluindo distribuição e varejo.

 

A metodologia leva em conta a quantidade e valor das Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) emitidas desde janeiro de 2018, com comparativo mês a mês, até a primeira quinzena de abril de 2020, informa o head de estudos do IBPT e do Empresômetro Inteligência de Mercado, Gilberto Luiz do Amaral.

 

Apesar de estar classificado como atividade essencial pelo plano federal de contingência, o transporte de cargas também desacelerou. Na primeira quinzena de abril, em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve retração de 40% no volume de notas fiscais emitidas e queda de 44% no valor das cargas transportadas.

 

Os dados públicos tabulados pelo IBPT revelam que algumas atividades tiveram boa performance. Entre elas as que envolvem e-commerce, medicamentos e supermercados, que cresceram 46%, 23% e 11% respectivamente. “Esse crescimento é resultado direto das restrições de circulação necessárias para a redução do contágio, uma vez que, com grande parte do comércio fechado, o consumidor buscou na internet uma forma de adquirir produtos, aumentando a circulação dessas cargas”, explica Amaral, que desde 1992 atua na área de inteligência tributária.

 

O estudo pode servir de balizador para as decisões dos empresários brasileiros, que precisam ajustar suas políticas internas e de investimento à nova realidade global, diz o consultor. Os dados podem ser encontrados gratuitamente no site do IBPT. (Revista Amanhã/Marisa Valério)