O Estado de S. Paulo
A produção industrial encolheu em todos os 15 locais pesquisados em março ante fevereiro, mostram os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a atividade industrial já afetada pela pandemia de covid-19, foi a primeira vez, desde que o IBGE passou a investigar 15 locais, em 2012, em que todos eles recuaram, sinalizando para uma queda espalhada por todo o Brasil.
Nem mesmo em maio de 2018, quando a greve de caminhoneiros paralisou o País, houve queda em todos os locais – naquela ocasião, a indústria extrativa garantiu desempenho positivo para o Pará, sede da maior mina de minério de ferro do mundo, da Vale.
Na média nacional, o tombo de 9,1% na produção industrial, informado pelo IBGE semana passada, foi o pior desempenho desde aquele maio de 2018, quando a retração foi de 11%.
Em São Paulo, maior parque industrial do País, a queda foi de 5,4%, também o pior desempenho desde maio de 2018, quando o tombo foi de 12,4%.
Segundo Bernardo Monteiro, analista do IBGE, 14 das 18 atividades da indústria paulista tiverem resultados negativos em março, com as indústrias automotiva e de alimentos e bebidas à frente.
As quedas mais intensas ocorreram no Ceará (-21,8%), no Rio Grande do Sul (-20,1%) e em Santa Catarina (-17,9%), mas, sozinha, a indústria paulista responde por 34% da produção nacional.
Além de São Paulo, o desempenho das indústrias gaúcha e catarinense tiveram as maiores influências no tombo nacional. No Rio Grande do Sul, a produção de veículos e da cadeia de couro e calçados puxaram o desempenho negativo. Em Santa Catarina, o destaque negativo ficou com a indústria têxtil e de vestuário.
Na contramão, o desempenho do Rio, terceiro parque industrial do País (com 10,5% da produção nacional, logo após a indústria mineira, com 11%), chamou atenção positivamente. A queda ante fevereiro foi de apenas 1,3% e, ante março de 2019, houve avanço de 9,4% na indústria fluminense, em movimento puxado pelo setor de petróleo e gás.
“A queda no Rio não foi tão acentuada (na passagem de fevereiro para março) porque temos setores que vêm influenciando positivamente, por causa de sua estratégia de produção”, afirmou Monteiro.
O desempenho positivo foi verificado tanto na extração de petróleo quanto na produção de derivados, como combustíveis e insumos petroquímicos.
O setor de petróleo e gás também segurou a indústria da Bahia, cuja produção encolheu 5,0% na passagem de fevereiro para março, mas avançou 5,8% em relação a março de 2019. (O Estado de S. Paulo/Vinicius Neder)